* Bar Aberto


Aquele bar de praia estava sempre vazio e sem graça, então eu decidi falar com a Teresa, que era a dona, de forma a tentar que este verão aquele bar fosse um sucesso. 

Apesar de termos a mesma idade, ela era uma mulher mais séria, de quem era difícil arrancar um sorriso, e talvez por isso faltasse alguma vida aquele pequeno bar de praia.

Ela gostou do meu dinamismo, e das propostas que lhe apresentei, e eu fiquei sócio dela durante o verão. Aquele bar começou a ficar aberto até às 3h da manhã, sempre com música para dançar, e tornou-se num dos pontos de encontro das noites de verão, quase sempre com Dj’s famosos.

Naquele dia de Agosto, os termómetros estiveram quase a atingir os 40 graus, e com o cair da noite a temperatura pouco baixou. O Bar estava cheio de jovens a dançar e a aproveitar aquela noite quente. Estava um ambiente fantástico, com toda a gente ao rubro.

Quando faltava apenas uma hora para fechar as portas, decidi lançar um desafio, escrevi num papel e pedi à Teresa para ir junto do DJ comunicar a todos pelo microfone. 

* À Flor da Relva


A empresa onde trabalhava, recebeu um grande trabalho, na região centro do pais, que me obrigou a passar todo o mês de Agosto, deslocado de casa.

Foi sem duvida um mês intenso de trabalho, e sempre com temperaturas muito altas, típicas deste período do ano. Eu fui destacado para a cidade mais complicada, acima de tudo pela movimentação de pessoas e de turistas.

Todos os dias, de manhã e ao final da tarde, cruzava-me na avenida principal, com uns olhos castanhos, brilhantes, expressivos e bem maquiados, que se destacavam de um rosto bonito, e se faziam realçar de um cabelo escuro. Não era uma mulher perfeita, mas eu gostava.

Numa noite, enquanto eu jantava com toda a minha equipa de trabalho, num dos restaurantes do centro da cidade, vi aquela mulher a entrar, acompanhada por duas amigas. Mais uma vez, o nosso olhar cruzou-se, e fixou-se um no outro, durante alguns segundos.

A minha pulsação aumentava sempre que a via aqueles olhos, aquela boca, aquele cabelo. Durante o jantar, sempre que olhava para ela, apanhava-a em flagrante, com os olhos apontados na minha direcção. 

Não sei se foi coincidência do destino, mas as duas amigas, conheciam alguns elementos da minha equipa de trabalho, e acabaram todos por combinar um encontro num Bar, depois do jantar.

Acabamos por nos encontrar, e foi a minha oportunidade trocar as primeiras palavras com ela. Rapidamente descobri, que para além de bonita e charmosa, era uma mulher interessante e inteligente. O pequeno sinal que tinha junto do nariz, era a cereja no topo do bolo, transformava-a ainda numa mulher mais sensual.

Ficamos os dois, horas a conversar sozinhos, enquanto os nossos amigos se divertiam no karaoke e a dançar. Contei-lhe um pouco da minha vida, do meu trabalho, dos meus objectivos, e fiquei a saber que ela trabalhava no estádio de futebol da cidade, e eu confessei-lhe o meu desejo de criança, de pisar um relvado de futebol. Ela olhou para mim e disse-me com um olhar misterioso: Anda, vem realizar esse desejo

Saímos do bar, sem que ninguém desse pela nossa falta, e fomos até ao Estádio Municipal. Ela tinha as chaves do recinto, e entramos. Eu acabava de realizar um sonho de criança, e sentir-me na pele de um jogador de futebol, pisar um relvado com uma baliza de cada lado. 

Eu estava radiante, corri de um lado para o outro, e no final, depois de simular o festejo de um golo, despi a minha t-shirt, e deitei bem no círculo central, a usufruir do momento. Ela decidiu deitar-se junto a mim, com a cabeça em cima do meu peito.

Naquele momento, mergulhados na escuridão da noite, e no cheiro da relva húmida, os nossos lábios tocaram-se, as nossas línguas saborearam-se, os nossos corpos colaram-se. Ela fez questão de tirar a parte superior da sua roupa, para o seu peito ficar colado no meu. Os nossos corpos rebolavam um sobre o outro, como se tivessem numa cama interminável.

A atracção sentida acabou por dar origem à fusão dos corpos. Entrei dentro do seu corpo, calmamente, saboreando cada centímetro em que a penetrava, sentido a rugosidade do seu interior, e a forma fácil que ela estava a receber-me. Adorei percorrer aquele peito com a minha língua. 

Delirei ficar por completo dentro seu corpo, e decidi completar essa penetração, colocando por completo a minha língua dentro da sua boca. Os meus dedos percorriam o seu couro cabeludo, fazendo a sua pele arrepiar-se, enquanto eu a sentia entregar-se por completo a mim, ao meu corpo, e a tudo o que eu tinha para lhe dar.

No céu, a Lua Cheia ordenou que o prazer se propagasse pelos nossos corpos. Ela sentou-se em cima de mim, no sitio que lhe dava mais prazer, e pedindo-me que eu sugasse o seu peito. 

O prazer chegou de uma forma simultânea e intensa, deixando os nossos dois corpos exaustos naquele relvado. Naquela noite, aquele estádio assistiu a um verdadeiro espectáculo de desejo, tesão e prazer.

Foto: Ole Graf (Corbis.com)

* Comida... com sedução



Tu conheceste o meu Blog quando eu fui entrevistado num programa de radio, onde o tema era o “Simples Atracção”. 

Ficaste curiosa com o que estavas a ouvir, e foste até ao site, e perdeste horas a ler todas as histórias que lá estavam publicadas. No final, assumindo toda a curiosidade em conhecer o escritor de tanta ousadia, adicionaste-me como amigo no Facebook [apenas.simplesmente@gmail.com]. Eu obviamente aceitei, como aceito todos os meus leitores.
 
Eu senti que tu eras uma mulher especial, educada e ousada, inteligente e atrevida. Tu dizias ser uma mulher dificil de ser seduzida, mas que adoravas seduzir. Em tom de brincadeira, começaste a chamar-me “taradinho”, e porquê? Porque tu dizias que um homem que escreve este tipo de textos só pode ser tarado. Isso irritava-me, pois não me sinto nenhum tarado, e eu disse-te que poderia provar isso.
 
Aquele jogo de palavras e acusações prolongou-se durante algumas semanas, até que eu acabei por convidar-te para jantar comigo, em minha casa. Eu queria provar-te que sabia ser um homem romântico, sensato, normal, longe do rotulo de “tarado” que tu insistia em me colocar.
 
Preparei tudo para brilhar. Quando tu chegaste, tocou à companhia do portão da rua, e eu pelo intercomunicador disse-te: “Olá, segue o caminho que os teus sentidos te indicarem…” 

Entre o portão da rua e a sala, coloquei pétalas de flores indicando o trajecto, e tochas a arder. Tu chegaste à sala, com um ar espantado, mas com um vestido negro, arrebatador para uma noite de verão.
 
À meia-luz, e com uma música ambiente relaxante, adiei a minha chegada, com o objecto de te deixar ansiosa. Mandei te uma mensagem para o telemóvel: “senta-te na cadeira do topo da mesa”. 

Cheguei em silêncio, pé entre pé, e por detrás, coloquei-te uma venda vermelha nos olhos. Assustada mas rendida, aceitaste que eu te levasse à tua boca uma Ostra com limão. Ficaste arrepiada? Sim, não podes negar… mas sempre elegante…
 
Decidi tirar-te a venda e acompanhante no saboroso deleite daquele marisco. Excitante? Os teus olhos acompanhavam os movimentos da minha língua, e a forma de como a minha boca sugava o sumo daquele fruto do oceano. 

A tua imaginação, certamente imaginava aqueles movimentos no teu corpo, repetidamente no sítio certo. Sem pausas nem descanso, e cada vez de uma forma mais intensa e mais voraz.

O Champanhe aqueceu ainda mais os nossos corpos, e eu apercebi-me que a tua mão, por vezes, desaparecia de cima da mesa. Onde iria ela? Eu estava como tu: excitadíssimo. Confesso que naquele momento queria ser verdadeiramente tarado, dizer-te tudo o que me apetecia: “quero que sejas minha, quero entrar dentro do teu corpo, quero sentir o teu sabor salgado, quero dar-te prazer, quero comer-te, quero-te f…”
 
Mas eu tinha de ser forte, o objectivo deste jantar era exactamente o contrário, eu tinha de provar que não era tarado. Mas do teu lado, as coisas também não estavam fáceis, pois para uma mulher que se dizia resistente e intocável perante os homens, e impossível de ser seduzida, tu parecias que estavas morta para correr para os meus braços, louca para te entregar...

Aquele jogo de sedução prolongou-se ridiculamente, até que de forma sensual, os nossos lábios acabaram por se tocar. De uma forma erótica, a minha língua percorreu toda a Ostra que tu tinhas na tua boca.

Nesse momento, deixaste de ser a “lady na mesa” que eu conhecia, e envergaste a pele de uma “louca na cama” dizendo: “Vem… o meu corpo chama por ti, saboreia-me, devora-me, possui-me, penetra-me… vou ser tua, toda tua, quero ser tua… faz-me sentir mulher, verdadeiramente mulher… sinto-me uma fêmea com o cio…”

Adorei a forma com te abriste para mim, e aquela mesa foi a nossa cama. Nunca mais me esqueci daquela noite. Foi memorável aquela noite de agosto… acredito que também nunca te esquecerás…
 
Foto: Serge Krouglikoff (Corbis.com)



* Confissão de Desejo



A minha presença na ilha da Madeira não foi fácil. Foi um verão complicado. Trabalhava sozinho com tempo quente, e tinha uma pequena scooter para fazer as deslocações na ilha. Por outro lado, fazia-me sempre acompanhar pela minha máquina fotográfica para registar as deliciosas paisagens nesta minha passagem pela Pérola do Atlântico.

Numa das deslocações, quando passei numa vila, chamou-me a atenção, o facto do Santo Padroeiro ser São Lourenço, o nome do meu padrinho. Estacionei a mota e decidi entrar. A Igreja estava vazia e sentei-me a apreciar a decoração interior. Por entre o silêncio, conseguia ouvir alguém, uma voz feminina suave. Apercebi-me que vinha do confessionário que estava mesmo ali ao lado.

Despertou-me a curiosidade, cheguei mais perto. Ouvi a voz quase que soluçante confessar que sentia uma vontade crescente de trair o namorado. O padre tentava inverter-lhe o desejo carnal.

Ela revelava que, o facto de o namorado ser o único homem com quem tinha estado intimamente, despertava nela um instinto do demónio e uma extrema curiosidade de sentir outro homem dentro de si. Queria sentir o sabor de outro homem. Queria sentir o orgasmo que outro homem lhe proporcionaria, desejava ser possuída por um desconhecido que guardasse com ele o seu segredo.

Continuei muito atento e vi o padre sair, mas a mulher permaneceu a limpar as últimas lágrimas. Fui até ao confessionário, desviei ligeiramente a cortina e espreitei. Ela estava lá dentro. No escuro do confessionário não lhe vi a cara na perfeição, mas disse-lhe que queria ser seu parceiro naquele crime perfeito. Vesti a pele do diabo.

Ela sem me responder, puxou-me, abraçou-me e beijou-me na boca. Eu sentia-me sozinho naquela terra, e isso deixava-me sensível. Não hesitei em responder-lhe num demorado beijo molhado, que me deixou rapidamente duro. A sua voz com sotaque madeirense era sensual e imaginei-a muito bonita, pelo que vi nas sombras, o seu corpo era perfeito.

Ela estava ansiosa, e sem qualquer vergonha, colocou a mão dentro das minhas calças e sentiu-me excitado. Apertou-me. Colocou o dedo indicador na ponta, sentindo-me viscoso. Retirou a mão, e fez questão, de sentir o meu sabor, lambendo e chupando o seu próprio dedo de uma forma calma e demorada.

O espaço era curto e apertado, mas colocamo-nos a jeito, tirando apenas a roupa essencial. Eu baixei as calças e ela fez subir a sua saia, desviando a roupa interior.

Ela colocou os joelhos no banco do padre, empinou-se de costas para mim, num convite mudo ao prazer. Estávamos tão excitados que nos esquecemos do local onde estávamos e penetrei-a bem fundo. Abrimos as nossas portas do inferno.

Ela pediu-me força e intensidade. Aquela voz que há minutos confessara-se quase inocente, era agora uma voz rouca pelo prazer que sentia, a sua fala era entrecortada pelo ritmo. O facto de eu ter acelerado, fez com que tudo se precipitasse, e rapidamente, deixei a minha marca no assento do confessionário, marca essa que ela fez questão de sentir.

Depois desta loucura, a nossa consciência falou mais alto e voltando à realidade, colocamo-nos em fuga, cada um para seu lado, mas as marcas do nosso crime ficaram lá à espera de serem encontradas pela próxima pessoa a confessar os seus pecados.

Foto: Gulliver (corbis.com)