Simples Atracção


Não sei o que deu origem àquela atracção, mas eu não conseguia desviar o olhar daquela mulher.

Uma colega, simpática, sempre com um sorriso e com um olhar meigo. Sempre existiu alguma simpatia entre os dois, mas nada que realmente justificasse esta minha atracção.

Ela não era uma mulher vistosa, nem exuberante, mas provavelmente juntava todos os pormenores de que eu gostava no sexo feminino. Baixinha, pele branquinha, olhar profundo que transmite uma magia difícil de explicar.

Eu todos os dias ia para a casa a pensar nela, jantava a pensar nela, deitava-me a pensar nela e adormecia a pensar nela… O desejo era tanto, que por vezes, ela também aparecia nos meus sonhos, e ficava comigo durante toda a noite. Eu desejava aquela mulher para mim, eu queria senti-la ao meu lado.

Eu queria dormir com ela. Eu queria que o seu cheiro não saísse da minha memória. Eu vivia desejoso de tocar-lhe com os meus lábios. Isto estava a tornar-se doentio.

Tudo isto era um segredo só meu, e ninguém imaginava que eu vivia nesta tortura, nem no vicio de desejar aquela mulher para mim. Provavelmente, apenas os meus olhos a desejavam assim, mas isso é uma das deliciosas características da atracção, conseguir transformar defeitos em qualidades.

Ela tinha alguém? Era comprometida? Eu não sei, mas isso seria apenas pormenores, que não conseguiam apagar de mim, o desejo que eu sentia de partilhar tudo com ela. Eu queria respirar o mesmo ar que ela.

Eu queria ver o mar com ela… Eu queria ver a Lua com ela. Esta atracção estava a condicionar os meus pensamentos, os meus raciocínios e a dificultar a minha vida. O que devo fazer para resolver este desejo?

Tudo isto seria apenas fruto dos dias quentes de Verão? Do calor? Não sei, mas resolvi que tinha de resolver esta fase conturbada da minha vida, pois até as pessoas mais próximas de mim, já tinham reparado que eu estava diferente, e era normal, pois eu não conseguia pensar noutra coisa.

Tentei planear tudo, e no final daquele dia de trabalho, consegui sair exactamente à mesma hora que ela, e descemos no mesmo elevador. 

Ela seguia ao meu lado, com o seu habitual sorriso e com a simpatia que a caracterizava. Será que eu ia ter coragem para abrir o meu coração, e libertar tudo o que tinha acumulado nas últimas semanas? E como é que ela ia reagir?

Eu sentia as pernas a tremer, e borboletas na barriga, como se eu fosse um adolescente, em busca do primeiro beijo e da primeira namorada. Cada passo que dávamos, era um segundo que eu estava a perder. E foi já na rua, que ganhei coragem para dizer tudo o que sentia, e encostei-a à parede.

Olhos nos olhos, com uma voz trémula mas sincera, as palavras começaram a sair da minha boca:”Desculpa, mas não sei como te dizer isto… não sei nada da tua vida, mas sei que te desejo.. e muito.. Não paro de pensar em ti, e de me imaginar contigo. Será loucura? Será desejo? Eu não sei… mas tu és uma mulher perfeita, com tudo para me fazer feliz. Não conheço ninguém como tu. Tu és a mulher que eu quero. Desculpa o meu atrevimento, mas eu precisava de te dizer isto… eu já não conseguia dormir, e estava prestes a explodir… Isto será apenas uma simples atracção ou uma violenta paixão? Não sei…

Ela ficou sem palavras a olhar para mim, mas com um sorriso perturbado. O que estaria ela a pensar sobre mim? Eu terei escolhido as palavras certas? Provavelmente, ela nem sonhava que era assim desejada por alguém. 

E agora, o que vai acontecer? Acho que dentro de muito poucos segundos, eu irei saber a resposta…

Foto: _ (corbis.com)

2 comentários:

  1. na vida real? Tinham sucumbido aos prazeres e no dia seguinte cada um seguia a sua vida a dizer: não estou preparado para uma coisa mais séria...

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