* À Luz do Frigorifico


O Marco tornou-se num bailarino muito famoso em Portugal, e grande parte dessa fama, deve-se à insistência que sempre tive com ele, para não desistir do grande sonho da sua vida, ser bailarino. Ele tinha muito talento.

Ele reconhecia a minha forte colaboração na realização deste sonho, e dessa forma, fazia questão que eu tivesse sempre presente na estreia dos seus espectáculos. 

E foi assim, que viajei até ao Norte, para uma estadia de dois dias, para assistir ao primeiro espectáculo da temporada, que iria realizar-se no Coliseu do Porto.

Fiquei hospedado no seu apartamento na Povoa de Varzim, e na noite do espectáculo, regressamos já bastante tarde a casa. O Marco recolheu-se exausto para o quarto, e eu fiquei a ler um pouco antes de adormecer.

Sem sono, e com sede, dirigi-me à cozinha em busca de um copo de água, e quando entrei tive uma surpresa: uma mulher. O que fazia uma mulher na escuridão da cozinha, com a porta do frigorífico aberta? Quem era ela?

Em silencio, ficamos os dois a olhar um para o outro, pois a surpresa foi mutuo. O seu rosto não era facilmente perceptível na escuridão, mas a silhueta do seu corpo destacava-se na contra luz daquele cenário. 

Os meus olhos percorreram todas as suas curvas do seu corpo, pedindo-me para caminhar na sua direcção, numa condução que poderia ser perigosa. Aquele corpo feminino apenas tinha vestido um top branco semi transparente, que não mostrava tudo, mas fazia a imaginação voar.

Sem pensar e sem fazer perguntas, cheguei junto dela, agarrei-a no braço e encostei-a à parede. Ela não resistiu àquele meu movimento bruto e irracional. As minhas mãos perderam-se nas suas curvas, na sua cintura estreita, na sua barriga. 

Depois de tocar no seu sensível umbigo, subi calmamente e agarrei aquele peito, que tinha a dimensão perfeita para a minha mão poder apertar. Com os dois corpos colados, ela já me sentia a latejar, e já podia imaginar o que queria dela.

Foi nesse momento que eu, com uma mão seu cabelo, e outra na sua cintura, dobrei o seu corpo sobre a mesa da cozinha, deixando o seu peito colado na toalha que estava vazia. O meu dedo tocou-lhe, e sentiu o seu húmido desejo a chamar por mim. Com a ajuda da minha mão, procurei o caminho certo, e esfreguei-me naquela zona quente, até garantir que tinha as portas totalmente abertas para poder entrar.

Lá dentro fiquei doido, e com as minhas mãos a agarrar os seus ombros, ganhei balanço para grandes e profundas penetrações, onde eu entrava e saia de um corpo feminino que parecia derreter de prazer. 

Ela, silenciosamente, delirava sempre que sentia o movimento do meu corpo a entrar dentro dela. Percebi que ela adorava a sensação de um homem forte e duro, a penetra-la por completo. Eu estava louco e irracional, com uma estranha rendida nos meus braços, numa casa que não era minha. Eu não estava a pensar…

A minha única duvida naquele momento, era saber quanto tempo eu ainda conseguiria aguentar com aquele ritmo frenético, de entrar e sair de dentro daquela mulher. Ela acabou por usar os seus próprios dedos para ajudar a encontrar o seu prazer, tocando no seu sitio chave, enquanto eu sentia no seu interior, as contracções do seu prazer. Eu não consegui aguentar mais nenhum segundo…

Tudo aconteceu no escuro, apenas com a luz do frigorífico de fundo, e foi assim no escuro que ela saiu daquela cozinha. Depois de tudo o que aconteceu, eu não ouvi uma única palavra na sua boca. Seria portuguesa? Seria estrangeira? Afinal quem seria aquela mulher?

Regressei para o meu quarto mas não consegui dormir, pensando em tudo o que tinha acontecido. Seria namorada do Marco? Seria uma amiga dele? Uma colega da companhia de bailado? O que fazia ela assim vestida na cozinha? De onde é que ela surgiu? Eu estava a ficar louco, mas não tive coragem de falar neste assunto com ele…

Foto: Pinto (Corbis.com)

* Discreta Ousadia





A Neusa era uma colega de trabalho simples, discreta e reservada, e que fazia questão de usar sempre um estilo de roupa bastante elegante. Trabalhávamos no mesmo edifício, mas em pisos e departamentos diferentes. Eu cruzava-me com ela diversas vezes, e trocávamos sempre um sorriso de cortesia. 



Curiosamente, começamos a beber o café da manhã à mesma hora, juntamente com outros colegas. As conversas eram díspares, sobre eventos do fim-de-semana, sobre assuntos de família, notícias do dia-a-dia, mas quase sempre estas conversas acabavam em assuntos mais ousados. Numa empresa onde a grande maioria dos funcionários são homens, o tema “sexo” surge com demasiada regularidade.



A Neusa corava e retirava-se em silêncio, assumindo assim a sua timidez natural. Confesso que percebia bem o sentimento dela, pois os nossos colegas exageravam, detalhando conversas demasiado íntimas. Em determinado momento, ela optou por começar a beber o seu café matinal, sozinha.



Sentindo aquele comportamento, decidi enviar-lhe um mail, mostrando a minha compreensão sobre o seu afastamento. Esta mensagem foi o início de uma longa conversa no silêncio das teclas dos nossos computadores.



Nas suas palavras, descobri uma mulher imaginativa e sonhadora, não assumindo qualquer tabu na sua intimidade, mas reservando todas as suas loucuras para dentro de quatro paredes. Ela confessou-me que os prazeres do seu corpo são elaborados e complexos, e carecem de muita dedicação e qualidade para atingir a perfeição. Estas palavras alimentaram a minha curiosidade e despertaram o meu desejo.



Naquela empresa, ninguém imaginava as palavras quentes que o outlook transportava entre o 3º e o 4º piso. Na semana seguinte, no dia de aniversário da Neusa, decidi surpreende-la com um presente. De manhã, quando ela chegou ao seu posto de trabalho, tinha um pequeno presente em cima da sua secretária. Ela abriu reservadamente, e facilmente percebeu a origem de tal oferta, uma lingerie negra.



Eu já tinha confessado, que imaginava que uma lingerie negra, certamente ficaria perfeita na sua pele clara, e o seu cabelo escuro. Sempre adorei esse contraste de cores, e ela sabia. Nesse dia, ela não respondeu a nenhuma das minhas mensagens. Ela não atendeu a nenhum dos meus telefonemas. Ela teria levado a mal a minha oferta? Fiquei triste, perturbado, preocupado. Nessa noite não consegui dormir…



Na manhã seguinte, tudo continuava igual. O que teria acontecido? A meio da manhã, recebi um telefonema, a informar-me que tinha uma reunião marcada na sala nº5. Reunião? Não está na minha agenda!! Desci até à sala de reuniões, mas não tive uma reunião, tive uma surpresa. A Neusa esperava por mim…



Ela quis surpreender-me. Trazia um vestido preto, cintado, e umas botas de cano alto. Ela estava elegante como sempre. Eu fiquei tímido, sem saber o que dizer. Qual era o objetivo da reunião? Ela quis mostrar-me como tinha gostado da minha prenda. Ela pediu-me para ficar sentado, e retirou o vestido calmamente, sem nenhuma espectacularidade.



Adorei ver o seu corpo, a sua pele e o seu ventre liso. Aquele momento ultrapassou tudo o que eu tinha imaginado. Senti que tinha brincado com o fogo. A Neusa era fogo, e eu acho que me queria queimar.



Ela voltou a vestir-se calma e naturalmente, deu-me um beijo no canto da minha boca deixando as marcas do seu baton vermelho, e segredou-me: “tenho de ir trabalhar… mas hoje já podes imaginar como estou debaixo deste vestido…” O nosso jogo de sedução e provocação estava cada vez mais refinado. Será difícil imaginar como isto vai acabar? Eu estava a adorar a sua discreta ousadia…



Foto: Autor Desconhecido (corbis.com)

* Diferente Sensação



Sempre foi um assunto tabu, com todas as mulheres com quem me relacionei, e eu respeitava isso. No entanto era uma experiência que eu ansiava viver, gostava de experimentar, nem que fosse apenas uma vez na minha vida.

Sempre que este assunto vinha à baila com os meus amigos, eles diziam sempre que as namoradas deles adoravam, e eu ficava sempre com inveja, mesmo não sabendo se gostava. Não sei se eles tinham realmente essa experiência, ou mentiam para se destacar.

Nessa altura, andava a viver uma relação “cor-de-rosa” com a Mafalda, nada de muito sério, mas com bons momentos. Os nossos encontros eram normalmente no carro, ou então nas casas dos nossos pais, quando tínhamos hipótese de estar sozinhos, o que não acontecia muitas vezes.

Num dos nossos encontros, tentei a minha sorte, e perguntei à Mafalda se ela queria que eu mudasse o local onde a estava a penetrar. Naquele momento, ela disse que não, mas no final, aquilo foi tema para uma reflexão sobre o assunto.

Depois de conversar durante algum tempo, a Mafalda aceitou o meu pedido, mas impondo uma condição. Ela fazia-me exactamente o mesmo. Ela não se importava de experimentar, mas eu tinha de sentir exactamente as mesmas sensações que ela, até porque um homem pode ser penetrado exactamente no mesmo local, com a mesma força e com a mesma intensidade. Parecia justo. Fiquei a pensar no assunto.

No fim-de-semana seguinte, depois de termos ido jantar a um restaurante italiano, decidi que desta vez o nosso encontro ia ser num sítio com mais qualidade, e por isso aluguei um quarto num hotel, mesmo no centro da cidade. Informei-me e levei todo o tipo de lubrificantes, para que tudo fosse confortável. O nosso momento de prazer começou como todas as outras, sempre muito calmo, saboroso e profundo.

Até que a Mafalda pede-me para mudar o sítio da penetração. Lubrifiquei bem o local, ela colocou-se na posição que lhe parecia mais confortável, e eu sem forçar, e com toda a calma do mundo, comecei a entrar dentro daquela zona do corpo de uma mulher, totalmente desconhecida para mim.

Estava a ser diferente. Era muito mais apertado e faltava a lubrificação natural. A Mafalda gemia, até porque também estava ser uma novidade para ela. Eu não conseguia perceber se aqueles gemidos eram de dor ou de prazer, mas ela mandava-me continuar. Eu obedecendo às ordens dela, aumentei o meu ritmo, e quando ela sentiu que não conseguiria resistir muito mais tempo, mandou-me parar.

Chegou o momento de invertemos os papéis. A Mafalda mandou-me colocar exactamente na mesma posição em que eu estava, e colocou um Strap-on, um cinto com um membro masculino bem dimensionado. Ela primeiro colocou-se à minha frente, e obrigou-me a lambe-lhe, a chupa-lo e a coloca-lo todo na boca, enquanto ela me puxava o cabelo, e me puxava a cabeça, garantido a penetração total, quase até a minha garganta. Eu estava a sentir na pele, a sensação de ser mulher.

De seguida, ela fez com que eu ficasse bem exposta para ela, e penetrou-me, exactamente da mesma maneira que eu lhe tinha feito, bem lubrificado. Que estranha sensação. Eu não conseguia saber se era dor ou prazer, mas aquilo estava-me a deixar muito excitado. Ela penetrava-me cada vez com mais força e agarrava-me o cabelo. O que a certo, é que aquela penetração dentro do meu corpo, fez com que eu atingisse um orgasmo invulgar, pois não conseguir resistir ao momento. Foi uma sensação muito diferente do habitual, e muito difícil de explicar.

Percebi que tudo deu um gozo especial à Mafalda, mas eu fiquei pensativo e muito perplexo, com os olhos postos na rua. Eu teria gostado, e não conseguia admitir? A Mafalda percebendo os estado em que eu estava, sugeriu que o melhor era repetir esta experiência…

Foto: Daniel Attia (Corbis.com)

* Crítico de Cinema



Eu sou um grande adepto de cinema europeu, e dessa forma, acabei por ser convidado para escrever uma crónica de cinema, numa revista mensal da especialidade.

As minhas opiniões começaram a ser bastante valorizadas em Portugal, e eu comecei a sentir algumas pressões, de forma a condicionar os meus textos.

Naquela tarde, fui à cinemateca, para ver um filme alemão, que não conquistou a crítica no seu país. A empresa que produziu este filme, tentava que opinião crítica do resto da Europa, conseguisse inverter a ideia que foi criada no próprio país de origem.

A sala estava vazia, e eu tinha sido o único a comparecer àquela sessão. Mal a sessão começou, apercebi-me que mais alguém entrou na sala e se sentou dois lugares ao meu lado. Nem ousei olhar, e apenas me apercebi que se tratava de uma mulher, pelo doce odor do seu perfume. Ela sentou-se na mesma fila que eu, mas um pouco mais ao lado.

Durante a exibição do filme, aquela mulher estava inquieta. Incrível como apenas uma pessoa na sala, incomodava mais, que uma sala cheia. Comecei a ficar incomodado com tanta inquietação e resolvi meter conversa com aquela mulher loira e alta: “não está a gostar?” Ela olhou para mim, sorriu e voltou a fixar os olhos no ecrã, sem me responder e sem dizer uma única palavra.

Ela levantou-se, e sentou-se no lugar exactamente ao lado do meu, e eu respondi à sua mudança de cadeira, com um simples sorriso. Ela não perdeu muito tempo para pousar a sua mão sobre o meu colo de modo a me provocar. Ela sabia bem o que queria.
Rapidamente me desapertou as calças e ajoelhou-se mesmo à minha frente. Eu fechei os olhos a aproveitei o comportamento inesperado daquela mulher. Ela não se cansou e parecia uma profissional. Nunca nenhuma mulher, me tinha presenteado durante tanto tempo, com um presente igual.

Não fazia a mínima ideia quem fosse aquela mulher, mas o que é certo, é que ela sabia bem o que fazer. Ela não parava. Aquela língua percorria todos os cantos e recantos da minha intimidade. Mas o que ela efectivamente fazia melhor, era quando decidia colocar tudo dentro da boca. Sugava-me deliciosamente.
Depois, suavemente apertava-me com os lábios húmidos, e retirava-o muito lentamente, para logo de seguida, num momento rápido o voltar a colocar todo dentro da sua boca.

Avisei-a que assim não conseguiria resistir. Ela ao ouvir as minhas palavras, parou e recomeçou tudo do inicio. Confesso que me apetecia mais, eu estava a morrer de vontade de entrar dentro do seu corpo, por outros sítios, ainda mais deliciosos.

Foi mesmo isso que aconteceu, e ela levantou-se, apoiou os braços na cadeira da frente, e colocou-se na posição perfeita, para eu desfrutar das profundezas mais deliciosas do universo feminino. Com as minhas mãos na sua cintura, ganhei força e impulso, para desfrutar do secreto prazer, que estava escondido naquela sala.

O perigo de explosão estava eminente, e a detonação acabou por acontecer poucos minutos depois, com uma intensidade inesperada. Aliás, tudo o que aconteceu, foi totalmente inesperado, pelo menos para mim. Depois daquele momento, aquela mulher levantou-se e retirou-se, pensando eu que tivesse ido ao wc, pois deixou a sua mala, na cadeira onde esteve sentada inicialmente. Ousei espreitar aquela mala, e tive uma grande surpresa.

Dentro daquela mala, estava um cartão com fotografia, e aquela mulher era a nova representante da empresa produtora do filme em Portugal. Será que tudo o que aconteceu foi para subornar a minha crítica? Foi ali que desisti de escrever para a revista, pois a minha opinião começava a ser usada de uma forma muito perigosa…



Foto: Stewart Tilger (Corbis.com)