Tudo aconteceu no ano passado… cruzamo-nos ocasionalmente no mundo virtual no inicio do ano, e demos inicio a uma conversa difícil de terminar. Éramos anónimos, e sempre mantivemos esse secretismo.
Tornou-se interessante conversar escondido numa mascara, sendo mais fácil conversar sobre todos os assuntos. Confessamos frustrações, declaramos desejos, reconhecemos angústias, manifestamos sonhos… Intelectualmente aproximávamo-nos, e acabei por descobrir que vivíamos na mesma cidade.
No entanto criamos um problema, pois a curiosidade de nos conhecermos pessoalmente era cada vez maior, mas nenhum dos dois tinha coragem para revelar a sua verdadeira identidade, nem por foto. A ânsia de um encontro crescia dia após dia. Eu queria sentir o seu cheiro e tocar a sua pele. Os dois tínhamos medo daquele duelo, de ficar cara-a-cara, e de sermos descobertos revelando o indesejado.
No entanto tornou-se impossível adiar eternamente esse momento, e tentamos ser o mais misteriosos possível. Quisemos manter o secretismo, e combinamos perto da igreja de Sta Eufémia, em Sintra… na noite de Natal… combinamos às 20h, com a total convicção que o espaço estaria totalmente deserto. Era um encontro anónimo.
Estacionamos os carros longe um do outro, e caminhamos em passo lento. No ar estava o cheiro a lareira oriundo das casas mais próximas, típico de uma noite fria de natal. Ela estava com uma camisola de gola alta e um gorro, e eu de cachecol e gabardine… tentamos ir disfarçados, não quisemos divulgar facilmente a nossa identidade, mas quando ficamos cara-a-cara, ficamos surpreendidos… Ela era muito melhor do que eu poderia imaginar… e senti que ela também ficou surpreendida comigo…
A primeira abordagem não foi fácil: “boa noite” de uma forma tímida… olhos nos olhos os rostos aproximaram-se surgindo um discreto mas meigo beijo no lado esquerdo e um beijo ligeiramente provocante do lado direito. Arrisquei que os meus lábios tocaram subtilmente no canto da sua boca. A adrenalina estava no máximo.
Foi um toque primoroso, que quebrou o gelo daquela noite fria. Foi a origem de um abraço forte, quase como agradecimento dos bons momentos que virtualmente vivemos. Bem agarradinhos, eu empurrei-a até as suas costas pararem numa árvore.
Deliciamo-nos mutuamente. Toquei, apalpei, agarrei. Os nossos telefones começaram a tocar, e era normal, pois nas nossas casas tudo estava preparado para a consoada de natal, e nós estávamos desaparecidos. Simplesmente ignorámos… A minha mão fez subir a sua perna direita, que se enrolou na minha cintura, puxando-me contra si… o desejo mútuo já falava muito alto… Ela sentiu perfeitamente o estado em que eu me encontrava…
O corpo dela rodou, pois ela quis sentir-se agarrada por detrás. O meu peito colou-se nas suas costas. As minhas mãos desceram até às suas pernas para fazerem subir o tecido da sua saia. Fiquei surpreendido quando reparei que ela tinha um cinto de ligas. Sempre a senti ousada. Os meus dedos tocaram-lhe intimamente. Quente.
As mãos dela desapertaram o botão das minhas calças, e puxaram para baixo o suficiente para a minha tesão ficar livre. Não havia volta a dar… Penetrei-a deliciosamente… as mãos dela, agarraram aquela árvore, apoiando-se da força que eu lhe oferecia. Foi profundo e estranhamente delicioso. Eu apenas arrependi-me de não ter sentido aquela mulher mais cedo. Foi impossível aguentar muito tempo… tudo foi rápido, era assim que eu queria, foi assim que ela pediu… foi um delicioso presente de Natal...
Quando o pecado ficou verdadeiramente consumado, fugimos dali rapidamente, cada um com o seu carro. E o que iria acontecer depois? Eu não sabia nada da vida dela. Verdadeiramente, éramos desconhecidos. Mas eu agora ainda tinha outro problema entre mãos, justificar o meu atraso para a consoada e porque é que não atendi o telefone… tive de arranjar uma mentira bastante convincente…