A Fátima foi minha namorada, quando
fomos colegas na escola secundária, mas ela abandonou os estudos, e viajou com
os pais para França. Acabou por conhecer Didier, casou-se, e ficou a viver
perto de Lyon.
Como todo emigrante, durante o mês de
Agosto, ela gostava de regressar a Portugal, rever amigos e família, e as
tradições do país de origem. Eram 15 dias para reviver o passado. A minha
relação com ela acabou de uma maneira que nenhum dos dois sabe explicar, mas a
atracção nunca se perdeu. Estes 15 dias, nem sempre eram fáceis para mim, tinha
sempre vontade de relembrar aquele beijo e sentir o calor daquele corpo.
Nos últimos dias que estavam em
Portugal, aquele casal oferecia sempre um jantar de despedida, no Restaurante
dos tios da Fátima. Ela estava bonita como sempre, com um vestido preto, que
destacava a sua pele bronzeada. Eu fiquei sentada ao seu lado. Pouco
conversarmos, mas olhávamos esporadicamente um para o outro, com vontade
expressar algo que não tínhamos coragem de converter em palavras. O francês que
tinha roubado a mulher dos meus sonhos, continuava a beber álcool sem controlo.
Num impulso descontrolado, coloquei a
minha mão na sua perna, que a aquele vestido preto deixava descoberta. Ela não
reagiu. A minha mão subiu discretamente, sem que ninguém percebesse o que
estava a acontecer debaixo da toalha típica do restaurante.
Acabei por encontrar um tecido quente,
numa temperatura que eu adorava. Até ao final do jantar, os meus dedos tocaram
ali suave e discretamente. Ela parecia resistir à tentação.
No final da noite, o Didier estava de
rastos. Bêbado, sem capacidade para conduzir, e eu ofereci-me para os levar a
casa. A Fátima estava envergonhada pelo comportamento do marido, mas eu até
gostei, pois serviu de desculpa para estar mais uns minutos com ela. Já em
casa, carreguei-o até ao quarto, e o estado dele era tão débil, que caiu na
cama sem reacção. Fiquei a sós com ela. Descemos até à sala, e ela ofereceu-me
uma bebida, e confessou-me estar a ferver depois daquela mão atrevida a ter
provocado toda a noite.
Eu confessei-lhe, que em muitas noites
de solidão, a minha mão deu-me prazer, mas o meu pensamento estava em França,
no seu corpo, na sua voz, no seu cheiro. Ela ouviu e reagiu, e com um forte
puxão, rebentou alguns botões da minha camisa, e puxou o meu corpo contra si.
Cinco anos depois, voltei a ter aquele
corpo para mim, a sentir aquele beijo, e a ouvir os seus desejos obscenos ao
meu ouvido. Ela gostava de usar palavras fortes e obscenas. Tudo se desenvolveu
rapidamente. As minhas mãos percorreram as suas pernas, fazendo subir o seu
vestido.
Entrar dentro daquele corpo fez-me
rejuvenescer. Com ela, sempre tive prazer de qualidade. Não nos largamos, em
repetidos momentos de prazer, deitados naquele sofá branco, e a rebolando sobre
aquele tapete castanho. Ela queria sexo, não queria amor. Queria sempre mais
força, mais velocidade, mais intensidade. Estava insaciável... Ficamos loucos,
e profundamente entregues ao momento.
E foi nesse ambiente de pecado, que ela
confidenciou que eu tinha sido o único homem que realmente a conseguia
satisfazer. Apenas eu lhe proporcionava o delírio do seu corpo, e apenas eu
conseguia explicar-lhe o verdadeiro significado da palavra orgasmo.
E nesse momento fizemos um pacto, que
todos os anos em Agosto, por uma vez que fosse, aquele momento de prazer tinha
de se repetir, de uma forma totalmente secreta. Confessamos o nosso pecado e
subscrevemos uma traição. A atracção dos nossos corpos era mais forte, do que
qualquer casamento, união ou sentimento relacionado com amor, era o nosso
instinto animal a falar mais alto.
Foto:
Markus Henttonen (Corbis.com)
Uma vez por ano parece-me romântico.
ResponderEliminarUm desperdicio, mas a antecipação deverá fazer fervilhar os corpos.
Estonteante... Ah se fosse fácil assim meu caro :(
ResponderEliminarBeijos.
Da minha experiência é mais fácil testar os meus limites com homens com quem não tenho uma ligação emocional do que com aqueles com quem tive sexo pelo sexo.
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