Sempre tive um terrível medo de ir ao dentista, não propriamente pela dor, mas sim pelo nervosismo que sentia.
Encontrei uma clínica nos arredores da cidade, com um médico recém-formado, com quem me adaptei muito bem. Finalmente tinha encontrado um local onde podia iniciar o tratamento da minha boca.
As consultas eram acompanhadas por uma assistente, a Sofia, simpática, bonita, e que me ajudava a estar mais distraído durante o tratamento. No final da consulta, quando me dirigia à recepção para marcar a próxima consulta, eu e a Sofia, ficávamos sempre alguns minutos a conversar, conversas sem grande conteúdo, é certo, mas era muito agradável olhar para aquele bonito rosto e ouvir aquela doce voz.
Por muito estranho que me parecesse, eu andava ansioso pela próxima consulta, não para me sentar naquela cadeira mas para ver a Sófia. Sentia-me sereno na presença dela, e sempre que conversávamos, sentia na barriga o nervosismo do primeiro amor. E nesse mesmo dia, ela ligou-me. Corei de ouvir a sua voz, e a minha pulsação disparou.
O Objectivo do telefonema era desmarcar a consulta de quinta-feira, e transferi-la para sexta-feira às 17h. Fiquei radiante com aquela chamada, parecia um adolescente que tentava conquistar o seu grande amor.