Eu era um frequentador assíduo dos seus textos e
das suas fotos, de tal forma, que ousei contacta-la, enviando uma mensagem para
o email que estava disponível na
página.
Ela respondeu-me, apresentou-se e acabamos mesmo
por conversar. No Skype, eu vi uma foto do seu rosto e ouvi a sua voz.
A autora
daquelas fotos e daquele blog era investigadora num Centro de Investigação em
Oeiras, e vivia em Algés.
Bonita e muito inteligente, era um prazer para
qualquer homem falar com ela.
Por detrás daquela investigadora, estava uma mulher imaginativa e libertina, e que não conseguia sentir-se presa numa relação, devido a ser uma mulher demasiado liberal.
Era uma mulher que gostava de provocar de uma
forma subtil, usando quase diariamente meias de ligas, por debaixo das suas
saias ou do seu vestido. Era uma provocação subtil, apenas para os mais
atentos. Outra arma de sedução, era sempre os seus decotes sugestivos. Ela
adorava este mundo de sensualidade, de provocação.
Falamos quase diariamente, e eu adorava ouvir as
suas histórias e a forma como ela gostava de ser fotografada, reservando sempre
a sua identidade e o seu rosto. Eu sentia-me privilegiado, ao conhecer as
feições da sua face.
Certa noite, ela estava no laboratório, a efectuar um
trabalho, onde tinha de registar os resultados durante 24horas, de hora a hora,
e estava a teclar comigo. Eu perguntei-lhe: “como ocupas o teu tempo no intervalo dos registos?” Mais uma vez
ela surpreendeu com a sua resposta directa: “como estou aqui sozinha, vejo filmes para adultos…”
Admirado questionei: “…mas sempre ouvi dizer que as mulheres não gostam desse tipo de filmes…”
e ela mais uma vez respondeu-me de uma forma directa e sem tabus: “… as outras mulheres não sei… mas eu gosto e
vejo regularmente…tem algum mal?” Nessa noite, ela não falou mais comigo,
com a desculpa de estar ocupada, mas eu fiquei a imaginar o que estaria a
acontecer naquela laboratório. Será?
E na noite seguinte, eu já estava a dormir, e o
meu telemóvel tocou de madrugada e acordou-me. Era a Cristina, com a voz
ofegante a pedir a minha presença junto de si. “… preciso de um homem… vem ter comigo… eu quero e preciso de ti aqui… tu moras perto, e chegas aqui
rapidamente… vem depressa, por favor…” Eu fiquei sem reacção àquelas
palavras, mas eu não podia ir, mas ela insistia…
“…quero
conhecer o teu cheiro, o teu sabor, o teu vigor… quero ver o teu prazer… quero sentir-me
preenchida por ti, até nascer o Sol…vamos aproveitar esta noite de uma forma incrível.
Vem gritar comigo…vem, ou tenho de pedir novamente por favor?”
Eu estava louco com as palavras dela, mas não
podia ir. Eu fui um mentiroso. Menti-lhe no meu nome. Menti-lhe na foto onde me
apresentei. Menti no sítio onde vivia. Menti no que fazia. E agora, depois de
tantas mentiras, não podia usufruir de uma mulher fantástica, que estava
loucamente a chamar por mim.
Não será difícil imaginar o que eu estava
arrependido, mas aprendi uma boa lição, pois no mundo virtual, apesar de
podermos reservar a nossa identidade, a mentira nunca é uma boa atitude.
A Cristina desapareceu da internet, nunca mais
falou comigo, e o seu blog foi desactivado. Penso que ela terá terminado a sua
relação com o mundo virtual, por se ter sentido traída e enganada. Eu fui o
culpado e perdi uma oportunidade incrível de conhecer uma mulher fantástica, em
todos os sentidos… Puro arrependimento...
Foto: Ben Welsh (Corbis.com)