Conheci a Vera numa simples conversa na Internet, ela era querida, meiga, simpática. Vivia perto de Fafe, e era casado há apenas 6 meses, mas o facto de ter ido viver para aldeia do marido, fez com que mergulhasse numa profunda solidão. Ele era camionista, e percorria a Europa durante a semana, e normalmente só estava em casa aos fins-de-semana, e às vezes nem isso.
A Vera refugiava-se na internet para combater a solidão, e dedicava-se a escrever poesias e pensamentos, num blog que tinha criado. Eu curiosamente comecei a frequentar esse blog e a comentar a sua escrita, de tal modo que depois de alguns comentários, e de ter disponibilizado o meu endereço de mail, começamos a conversar e trocar alguns pensamentos. Estas nossas conversas virtuais tornaram-se tão regulares, que todos os dias ao final da tarde, perdíamos horas a conversar um com o outro.
As nossas conversas acabaram por entrar em pormenores íntimos das nossas vidas. Eu era um homem descomprometido, mas a Vera, apesar de ser casada, sentia-se só, insatisfeita e com muitos desejos por realizar. Os seus 24 anos equivaliam a uma mulher em ebulição, que se tinha guardado para o seu marido na noite de núpcias, e agora não se sentia realizada, nem feliz, e com um enorme desejo de receber e oferecer o prazer que tinha guardado para ele.
Os dois estávamo-nos a tornar confidentes um do outro. Todos os pormenores e segredo que ela me contava, despertavam em mim um enorme desejo de a conhecer e de estar com ela, mas o facto de estarmos separados por muitas centenas de quilómetros, sempre foi um obstáculo racional para nunca ter acontecido nada carnal entre os dois.
Começamos a ter longas conversas ao telefone, que prolongávamos, já deitados na cama. O que é verdade, é que as conversas começaram a ser excitantes, aquela voz doce e meiga, transbordava desejo e tesão. Estávamos quentes e desejosos de prazer, mas a distância era muita. Quando lhe confessei que estava duro só de ouvir a sua voz, foi a gota de água para ela me confessar o estado em que se encontrava, e o sítio onde tinha a sua mão. Acabamos por trocar fotos íntimas…
Ela começou a pedir-me que me tocasse suavemente com a ponta do dedo, debaixo para cima, e que imaginasse que fosse a sua língua, e que depois o apertasse com força imaginado que fosse seus lábios. Nunca imaginei ouvir aquela mulher tímida a dizer tantas ordinarices e palavrões ao meu ouvido, e ouvi-la a gritar o meu nome, enquanto me implorava que entrasse dentro dela com força. Pura imaginação. Ela fez questão de aproximar o telemóvel da sua zona mais íntima, de modo que eu conseguisse ouvir o barulho da sua excitação e o som do movimento do seu dedo. Eu ouvi e adorei aquele som molhado.
Fiquei doido com aquele som, e quis atingir o meu momento máximo de prazer, em simultâneo com a Vera. E assim foi, quando ela me avisou que estava a atingir o orgasmo, a sua voz alterou-se e a respiração acelerou. Ela gritava o meu nome, no meio de muitos palavrões. Eu acelerei o meu ritmo, a atingi o prazer em simultâneo com ela, imaginado a magia do corpo daquela mulher. No final ficamos sem palavras e sem reacção, em silêncio… De um lado e outro do telefone, apenas se ouvia uma respiração ofegante de prazer.
Depois daquela primeira noite, ela sempre que sentia desejo, desafiava-me. Fui acordado muitas vezes a meio da noite pelo toque do telemóvel, com aquela voz meiga a pedir-me carinho e prazer, devido à ausência do marido. Confesso que tentei muitas vezes resistir ao pecado daquela voz, mas era impossível.
Com a chegada do verão, tudo se intensificou, e foram incríveis as noites quentes que passamos em claro, onde as palavras ousadas e sons molhados, apimentaram doces momentos de prazer solitário. Será que o que ela fazia comigo era traição, sem me conhecer, sem me tocar, sem me sentir? A traição é algo muito relativo…
Foto: Vincent Besnault (Corbis.com)