Tarde para pensar


Naquela tarde estava com uma terrível vontade, foi mais forte do que eu, arrisquei.
Peguei nas páginas centrais do jornal, escolhi o anúncio e liguei. Atendeu-me uma voz simpática, portuguesa que me explicou tudo o que fazia e os preços... Era perto de minha casa decidi avançar. Passados 15 minutos, estava à porta da Marlene (pelo menos foi o nome que ela me deu, mas que calculo que seja falso). 
Ela abriu-me a porta com roupas reduzidas, mini-saia e um grande decote. Deu-me dois beijos e convidou-me para entrar. Conduziu-me até ao quarto. Rapidamente tirou a roupa, deixou-me à vontade, e ajudou-me a tirar a minha roupa. Beijou-me no pescoço e no peito e deitou-me...
Eu estava nervoso, as minhas mãos tremiam e o coração quase me saltava pela boca. Pedi para ela parar. Queria conversar primeiro com ela. Não consegui ser tão frio ao ponto de chegar fazer sexo, pagar e ir me embora. Ela não se opôs.
Queria conhece-la, fui fazendo perguntas que ela respondeu sempre sem tabus ou relutâncias. Ela tinha um namorado que não sabia o que ela fazia, ela mentia-lhe e dizia que trabalhava num call center, mas confessava que não gostava do que fazia. A maioria dos homens metia-lhe nojo. Disse-me que como prostituta nunca conseguiu atingir um orgasmo, nem nunca tinha sentido o mínimo prazer, mas assumia a profissão e tentava dar o máximo prazer aos seus clientes, e já tinha muitas técnicas para simular orgasmos. Pode parecer uma situação estranha, mas estava adorar conversar com ela.
Pensava até que ponto uma mulher pode chegar só por dinheiro. E se fosse a minha namorada? Pensei que realmente é difícil confiar 100% em alguém. Eu também não estava a ser correcto por estar ali com outra mulher.
Por vezes o nosso instinto animal, ou as nossas necessidades financeiras levam-nos a comportamentos pouco racionais. Bem, a conversa estava interessante mas ao fim de 25 minutos, ela lembrou-me que o meu tempo estava a acabar e perguntou-me se eu queria fazer alguma coisa rápida ou preferia gastar os 5 minutos que faltavam a conversar. Não quis nada físico com ela, a vontade já tinha passado. Paguei-lhe o dinheiro que tínhamos combinado pelo telefone e vim-me embora.
Aqueles trinta minutos da minha vida foram uma grande lição para mim. Não fui capaz de pagar para ter sexo, e aprendi a ver as mulheres de outra maneira. Não sei se melhor ou se pior.
Foto: Andrea Barbe (Corbis.com)

2 comentários:

  1. Infelizmente é uma realidade constante no nosso pais.. mas ainda bem que serviu de lição para alguem...

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  2. sim podemos encarar como uma liçao de vida ...
    mas kd te propoes a exercer uma profissao neste caso relacionda com sexo a partida sabes k nao vai ser facil pk implica uma gestao mt grande de sentimentos...
    so tenho pena k esta sociedade em k vivemos ainda tenha tantos tabus em relaçao ao sexo...

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