* Filha da Vizinha




Eu tinha viajado para Manchester em Agosto, com o objectivo de fechar um negócio muito importante para a empresa. Como era habitual, deixei a chave de minha casa entregue à D.Inácia, a vizinha do primeiro andar. Eu vivia sozinho, num duplex no último piso.

Sempre que eu viajava, entregava-lhe uma cópia das chaves, para ela poder dar de comer, aos dois canários que tinha junto da janela da cozinha.

No entanto, o negócio foi rápido em Terras de Sua Majestade, e assim consegui antecipar o regresso a casa em dois dias. Cheguei num dia quente, típico de verão, mas com o céu nublado.

Quando sai do elevador reparei que a porta da minha casa estava apenas encostada. Entrei silenciosamente, pois provavelmente seria a D. Inácia, mas receei se tratar de um assalto. Entrei discretamente. Passo a passo e de forma prudente, fui até à sala, de onde ouvi alguns ruídos, que me parecia sair do sistema de som da tv.

Quando cheguei à porta da sala, espreitei, e para meu espanto, vejo a Sílvia, a filha mais nova da D.Inácia, uma irreverente jovem recém-universitária, estilo gótica-light. Cabelo escuro, um piercing no rosto, duas tatuagens bastante exuberantes nos braços, e um corpo que nunca me deixou indiferente.

Ela estava deitada no sofá, a desfrutar de um filme da minha colecção privada. Não se tratava de um filme qualquer, pois eu era um admirador e coleccionador de filmes para adultos. Este assunto era um segredo só meu, e era algo que ninguém desconfiava. Ela invadiu a minha privacidade, mas eu fiquei calado à entrada da sala, a usufruir daquele espectáculo. Não queria perder um momento que fosse, do que se estava ali a passar no meu sofá.

No ecrã, a europeia Connie Carter fazia tudo o que ela tão bem sabia fazer, e no meu sofá, Sílvia usufruía do seu corpo, embalada com o ritmo frenético das imagens da TV. Os sons que pairavam no ar era um misto de gemidos profissionais oriundos do filme, com o som perceptível dos dedos da Sílvia a tocarem do seu corpo.

Eu infelizmente, não estava numa posição que conseguisse ter uma visão completa do seu corpo, mas o som deixava-me em transe. Eu sentia a sua inquietação. O meu coração estava a rebentar. De repente, vejo-a tirar de cima da minha pequena mesa, uma das minhas canetas de colecção.

Percorreu o corpo com ela, até chegar ao sitio mais quente do seu corpo. Tocou-se, penetrou-se. Certamente, queria sentir algo dentro de si, que não fosse os seus dedos, e a grossura daquela caneta poderia alimentar a sua imaginação. Ela variava o ritmo, por vezes penetrava calmamente, outras vezes fazia o de um modo bastante rápido. Ela mantinha os olhos fechados e desfrutava do momento.

Eu já me encontrava num ponto de excitação insustentável. Mesmo por cima do tecido das calças do meu fato, sentia a minha dureza e apertava-a. O que é que devia fazer? Divulgar a minha presença ou permanecer incógnito? Mantive-me anónimo e discreto, ficando simplesmente como observador…

No meu sofá, a Sílvia parecia que estava finalmente satisfeita. Ela voltou a ajeitar as suas cuecas negras e a vestir as calças largas que estavam no chão. No ar da minha sala ficou a pairar um aroma irreverente de prazer.

Nunca mais consegui olhar na cara daquela jovem rebelde, sem relembrar aquele momento tão erótico. Uns dias depois, no seu dia de aniversário decidi-lhe oferecer uma caneta precisamente igual à que ela tinha utilizado no meu sofá. Ela olhou para mim e corou, ficando na dúvida da origem daquela prenda. Eu também tinha uma dúvida, terá acontecido só uma vez?

Foto: Peter M. Fisher (Corbis.com)

* Pacto de Verão




A Fátima foi minha namorada, quando fomos colegas na escola secundária, mas ela abandonou os estudos, e viajou com os pais para França. Acabou por conhecer Didier, casou-se, e ficou a viver perto de Lyon.

Como todo emigrante, durante o mês de Agosto, ela gostava de regressar a Portugal, rever amigos e família, e as tradições do país de origem. Eram 15 dias para reviver o passado. A minha relação com ela acabou de uma maneira que nenhum dos dois sabe explicar, mas a atracção nunca se perdeu. Estes 15 dias, nem sempre eram fáceis para mim, tinha sempre vontade de relembrar aquele beijo e sentir o calor daquele corpo.

Nos últimos dias que estavam em Portugal, aquele casal oferecia sempre um jantar de despedida, no Restaurante dos tios da Fátima. Ela estava bonita como sempre, com um vestido preto, que destacava a sua pele bronzeada. Eu fiquei sentada ao seu lado. Pouco conversarmos, mas olhávamos esporadicamente um para o outro, com vontade expressar algo que não tínhamos coragem de converter em palavras. O francês que tinha roubado a mulher dos meus sonhos, continuava a beber álcool sem controlo.

Num impulso descontrolado, coloquei a minha mão na sua perna, que a aquele vestido preto deixava descoberta. Ela não reagiu. A minha mão subiu discretamente, sem que ninguém percebesse o que estava a acontecer debaixo da toalha típica do restaurante.

Acabei por encontrar um tecido quente, numa temperatura que eu adorava. Até ao final do jantar, os meus dedos tocaram ali suave e discretamente. Ela parecia resistir à tentação.

No final da noite, o Didier estava de rastos. Bêbado, sem capacidade para conduzir, e eu ofereci-me para os levar a casa. A Fátima estava envergonhada pelo comportamento do marido, mas eu até gostei, pois serviu de desculpa para estar mais uns minutos com ela. Já em casa, carreguei-o até ao quarto, e o estado dele era tão débil, que caiu na cama sem reacção. Fiquei a sós com ela. Descemos até à sala, e ela ofereceu-me uma bebida, e confessou-me estar a ferver depois daquela mão atrevida a ter provocado toda a noite.

Eu confessei-lhe, que em muitas noites de solidão, a minha mão deu-me prazer, mas o meu pensamento estava em França, no seu corpo, na sua voz, no seu cheiro. Ela ouviu e reagiu, e com um forte puxão, rebentou alguns botões da minha camisa, e puxou o meu corpo contra si.

Cinco anos depois, voltei a ter aquele corpo para mim, a sentir aquele beijo, e a ouvir os seus desejos obscenos ao meu ouvido. Ela gostava de usar palavras fortes e obscenas. Tudo se desenvolveu rapidamente. As minhas mãos percorreram as suas pernas, fazendo subir o seu vestido.

Entrar dentro daquele corpo fez-me rejuvenescer. Com ela, sempre tive prazer de qualidade. Não nos largamos, em repetidos momentos de prazer, deitados naquele sofá branco, e a rebolando sobre aquele tapete castanho. Ela queria sexo, não queria amor. Queria sempre mais força, mais velocidade, mais intensidade. Estava insaciável... Ficamos loucos, e profundamente entregues ao momento.

E foi nesse ambiente de pecado, que ela confidenciou que eu tinha sido o único homem que realmente a conseguia satisfazer. Apenas eu lhe proporcionava o delírio do seu corpo, e apenas eu conseguia explicar-lhe o verdadeiro significado da palavra orgasmo.

E nesse momento fizemos um pacto, que todos os anos em Agosto, por uma vez que fosse, aquele momento de prazer tinha de se repetir, de uma forma totalmente secreta. Confessamos o nosso pecado e subscrevemos uma traição. A atracção dos nossos corpos era mais forte, do que qualquer casamento, união ou sentimento relacionado com amor, era o nosso instinto animal a falar mais alto.

Foto: Markus Henttonen (Corbis.com)

* Bar Aberto


Aquele bar de praia estava sempre vazio e sem graça, então eu decidi falar com a Teresa, que era a dona, de forma a tentar que este verão aquele bar fosse um sucesso. 

Apesar de termos a mesma idade, ela era uma mulher mais séria, de quem era difícil arrancar um sorriso, e talvez por isso faltasse alguma vida aquele pequeno bar de praia.

Ela gostou do meu dinamismo, e das propostas que lhe apresentei, e eu fiquei sócio dela durante o verão. Aquele bar começou a ficar aberto até às 3h da manhã, sempre com música para dançar, e tornou-se num dos pontos de encontro das noites de verão, quase sempre com Dj’s famosos.

Naquele dia de Agosto, os termómetros estiveram quase a atingir os 40 graus, e com o cair da noite a temperatura pouco baixou. O Bar estava cheio de jovens a dançar e a aproveitar aquela noite quente. Estava um ambiente fantástico, com toda a gente ao rubro.

Quando faltava apenas uma hora para fechar as portas, decidi lançar um desafio, escrevi num papel e pedi à Teresa para ir junto do DJ comunicar a todos pelo microfone. 

* À Flor da Relva


A empresa onde trabalhava, recebeu um grande trabalho, na região centro do pais, que me obrigou a passar todo o mês de Agosto, deslocado de casa.

Foi sem duvida um mês intenso de trabalho, e sempre com temperaturas muito altas, típicas deste período do ano. Eu fui destacado para a cidade mais complicada, acima de tudo pela movimentação de pessoas e de turistas.

Todos os dias, de manhã e ao final da tarde, cruzava-me na avenida principal, com uns olhos castanhos, brilhantes, expressivos e bem maquiados, que se destacavam de um rosto bonito, e se faziam realçar de um cabelo escuro. Não era uma mulher perfeita, mas eu gostava.

Numa noite, enquanto eu jantava com toda a minha equipa de trabalho, num dos restaurantes do centro da cidade, vi aquela mulher a entrar, acompanhada por duas amigas. Mais uma vez, o nosso olhar cruzou-se, e fixou-se um no outro, durante alguns segundos.

A minha pulsação aumentava sempre que a via aqueles olhos, aquela boca, aquele cabelo. Durante o jantar, sempre que olhava para ela, apanhava-a em flagrante, com os olhos apontados na minha direcção. 

Não sei se foi coincidência do destino, mas as duas amigas, conheciam alguns elementos da minha equipa de trabalho, e acabaram todos por combinar um encontro num Bar, depois do jantar.

Acabamos por nos encontrar, e foi a minha oportunidade trocar as primeiras palavras com ela. Rapidamente descobri, que para além de bonita e charmosa, era uma mulher interessante e inteligente. O pequeno sinal que tinha junto do nariz, era a cereja no topo do bolo, transformava-a ainda numa mulher mais sensual.

Ficamos os dois, horas a conversar sozinhos, enquanto os nossos amigos se divertiam no karaoke e a dançar. Contei-lhe um pouco da minha vida, do meu trabalho, dos meus objectivos, e fiquei a saber que ela trabalhava no estádio de futebol da cidade, e eu confessei-lhe o meu desejo de criança, de pisar um relvado de futebol. Ela olhou para mim e disse-me com um olhar misterioso: Anda, vem realizar esse desejo

Saímos do bar, sem que ninguém desse pela nossa falta, e fomos até ao Estádio Municipal. Ela tinha as chaves do recinto, e entramos. Eu acabava de realizar um sonho de criança, e sentir-me na pele de um jogador de futebol, pisar um relvado com uma baliza de cada lado. 

Eu estava radiante, corri de um lado para o outro, e no final, depois de simular o festejo de um golo, despi a minha t-shirt, e deitei bem no círculo central, a usufruir do momento. Ela decidiu deitar-se junto a mim, com a cabeça em cima do meu peito.

Naquele momento, mergulhados na escuridão da noite, e no cheiro da relva húmida, os nossos lábios tocaram-se, as nossas línguas saborearam-se, os nossos corpos colaram-se. Ela fez questão de tirar a parte superior da sua roupa, para o seu peito ficar colado no meu. Os nossos corpos rebolavam um sobre o outro, como se tivessem numa cama interminável.

A atracção sentida acabou por dar origem à fusão dos corpos. Entrei dentro do seu corpo, calmamente, saboreando cada centímetro em que a penetrava, sentido a rugosidade do seu interior, e a forma fácil que ela estava a receber-me. Adorei percorrer aquele peito com a minha língua. 

Delirei ficar por completo dentro seu corpo, e decidi completar essa penetração, colocando por completo a minha língua dentro da sua boca. Os meus dedos percorriam o seu couro cabeludo, fazendo a sua pele arrepiar-se, enquanto eu a sentia entregar-se por completo a mim, ao meu corpo, e a tudo o que eu tinha para lhe dar.

No céu, a Lua Cheia ordenou que o prazer se propagasse pelos nossos corpos. Ela sentou-se em cima de mim, no sitio que lhe dava mais prazer, e pedindo-me que eu sugasse o seu peito. 

O prazer chegou de uma forma simultânea e intensa, deixando os nossos dois corpos exaustos naquele relvado. Naquela noite, aquele estádio assistiu a um verdadeiro espectáculo de desejo, tesão e prazer.

Foto: Ole Graf (Corbis.com)