Desde muito novo, que aquela Velha Quinta, era o local onde eu
passava 15 dias de Julho. Era a colónia de férias da empresa, onde o meu pai
trabalhava. Aquilo tornou-se um hábito, e depois dos meus 18 anos, fiquei um
dos monitores da colónia. Aquela quinta tinha muitas histórias para contar.
Éramos oito monitores, quatro homens e quatro mulheres, todas pessoas, que
cresceram com aventuras naquele lugar. Naquela quinta, no vale junto ao rio,
existia uma casa velha, conhecida por todos, como a “Casa do Vampiro”.
As
pessoas mais antigas da aldeia, contavam que naquela casa viveu um homem velho,
com uns dentes fora do normal. Muita gente desapareceu daquela aldeia e
arredores, sem nunca mais ser encontrada. Conta a história, que era esse homem
que as levava, para aquela estranha casa sem janelas, e ainda hoje lá existem
marcadas de todas as pessoas que desapareceram.
Aquela era uma zona praticamente interdita da quinta, e aquela casa era apenas
vista ao longe por todos. Todos os jovens adoravam a história, e ficavam
fascinados com a estranheza daquela casa junto do rio. Naquela noite, depois de
estarem todos os rapazes, de quem éramos responsáveis, a dormir, eu e os outros
três monitores decidimos descer o monte, e entrar dentro daquela casa. Nem a
Lua Cheia nos assustava.
Quando lá chegamos, empurramos a porta, e encontramos uma casa escura, com as
paredes pintadas de negro e sem janelas. Era difícil conseguir ver o que
existia lá dentro, mas aparentemente apenas existia uma cadeira, uma mesa e uma
cama. Parecia uma humilde casa de campo. Existia umas escadas para uma cave,
onde a escuridão era total, mas descemos. A visibilidade era nula, e foi nesse
momento que o Filipe se lembrou, que quando era mais novo, era aquela
escuridão, que pretendíamos para jogar ao quarto escuro. “Vamos ver como é assim”.
Começamos, e através dos sentidos e do toque,
tínhamos de identificar o nosso amigo. Mas a brincadeira ficou mais adulta,
quando o Filipe decidiu tirar a roupa e ficar totalmente tu. Todos nos rimos
com a ideia, e todos o imitamos. Tornou-se uma brincadeira improvável. Todos
excitados e todos a mexer na excitação de outro homem. Todos no sentimos, todos
nos tocamos. Que estranho mas excitante momento.
No dia seguinte, contamos às raparigas que tinhas
entrado na “Velha Casa do Vampiro”, e
ela ficaram curiosas, quiseram saber tudo, e depois de contarmos que se tratava
de uma casa velha e vazia, acabamos por combinar em lá voltar nesta noite. Lá
fomos todos, mas nas raparigas, a Maria João era a mais ansiosa por conhecer a
casa. A Cristina, a Nádia e a Nair estavam receosas.
Quando lá chegaram tiveram uma surpresa com a simplicidade do espaço, e
quiseram conhecer também a cave, e quando lá chegamos a Maria João disse: “Este espaço é fantástico para jogar ao
Quarto Escuro”. Todos os rapazes se riram. O que é certo, é que a aventura
da noite anterior repetiu-se, mas agora com oito pessoas. Todos aceitamos o desafio
e todos ficamos sem roupa. As nossas mãos percorriam todos os corpos, sem
identificar o seu proprietário, os nossos dedos entravam onde era permitido
entrar, no profundo e quente desconhecido do prazer. Onde estava o meu dedo?
Quem me tocava? Quem me beijava?
Senti duas mãos a agarrarem-me em simultâneo, enquanto beijava alguém nos
lábios. De quem seriam aquelas mãos? De quem seriam aqueles lábios? Os meus
dedos acabaram por se alojar dentro do corpo de uma das mulheres, e através de
um ritmo calmo e pousado, impus o ritmo certo, levando-a a um intenso momento
de prazer.
Mas logo de seguida, aqueles dedos ainda molhados conheceram o
interior de outra das minhas companheiras, e o prazer ainda foi mais intenso. Nós
não víamos nada mas sentíamos tudo. Naquela noite, foi indescritível o prazer
que todos atingimos, de uma forma estranhamente anónima.
Combinamos que na noite
seguinte, iria entrar outra coisa, que não os dedos… Depois de tudo, a história
daquela casa passou a ser diferente, mas apenas para nós.
Foto: Autor Desconhecido