* Amigo Oculto

Na empresa, onde eu trabalhava, todos os anos decorria o Jantar de Natal, com a habitual troca de presentes, recorrendo ao tradicional “Amigo Oculto”, isto é, previamente, cada colega tirava um papelinho com um nome, e assim ficava decidido para quem eu teria de comprar um presente, e tinha de guardar esse mistério até este ser entregue.

O meu papelinho dizia “Laura”, a loirinha da contabilidade, que era casada com o Ernesto, também nosso colega no armazém. Eu conhecia os tradicionais comportamentos nocturnos do Ernesto. Ele deixava a Laura em casa sozinha, enquanto se juntava com os amigos a jogar Poker em casinos clandestinos ou deslocava-se para bares nocturnos com actividades femininas. 

Eu decidi oferecer à Laura, um pequeno despertador, que ia acompanhado pela seguinte frase: “mais importante do que acordar de manhã, é acordar para a vida”. Era uma prenda cheia de significado, ela ia abrir em frente ao marido, e à frente de todos os colegas. Eu queria causar impacto, nesta minha prenda misteriosa.

O que é certo, é que dois dias antes do jantar, a Laura deixou de ir trabalhar e voltou a colocar baixa médica, que segundo o Ernesto, era porque ela andava cheia de dores de cabeça. Todos sabíamos que a Laura devido aos problemas familiares passava por vezes por períodos de depressão, e assim, como todos prevíamos, ela não compareceu no jantar de Natal.

No final do jantar, lamentei-me junto do Ernesto pelo facto de não ter podido oferecer a prenda à sua mulher, e ele respondeu-me: “se quiseres passa lá em casa e entrega-lhe… mas ela já deve estar a dormir, mas podes entrar pelo quintal, que a porta da cozinha está aberta, e deixa lá em cima da mesa. Eu não vou já para casa, porque tenho umas coisas combinadas esta noite com uns amigos…

Lá ia ele deixar a mulher abandonada. Voltei a colocar o gorro de Pai Natal que tive durante todo o jantar, e decidi ir até à casa dele. Toquei diversas vezes à campainha, mas ninguém apareceu para me abrir a porta. Segui o conselho dele, entrei no quintal, e fui até à porta da cozinha. Ousei entrar e chamei: “Laura, Laura, Tudo bem? Estás em casa? Posso entrar?” 

Sem obter qualquer resposta, caminhei até ao primeiro andar, e encontrei a Laura deitada na sua cama, num sono profundo, e com uma grande quantidade de medicação junto da cama. A Laura era uma mulher muito bonita, e desejada por todos os homens na nossa empresa. Eu fiquei vidrado no seu corpo, e toquei-lhe. O seu corpo adormecido reagiu. Beijei o seu rosto.

Cada vez que lhe tocava, ela reagia de uma forma a pedir mais, mas sem nunca abrir os olhos. Ela foi-se sempre entregando, gemendo baixinho ao toque da minha mão, ao percorrer dos meus dedos no seu corpo. Ela abriu as suas pernas e puxou-me para si. Eu nem sabia como reagir, pois ela continuava com os olhos fechados. Ela estaria acordada? Estaria a sonhar? Não sei responder, mas fui sempre respondendo à força do seu corpo, que me puxava para si, dando uma ordem para eu continuar aquele doce percorrer pelo seu corpo, mas será que ela queria que eu entrasse?

Eu entrei dentro dela, dentro daquele corpo quase perfeito, que parecia quase intocável. Eu não sei o que se passava, mas o seu corpo reagia de uma forma subtil ao prazer, a sua respiração era ofegante, mas os seus olhos continuavam sem abrir.

Não houve exuberância nos movimentos, e tudo foi calmo, mas com um toque sublime. Nunca tinha imaginado aquele corpo nas minhas mãos, muito menos daquela forma. Provavelmente fui irracional, mas usei a profundidade do seu corpo, para depositar todo o meu prazer. Senti que ela recebeu tudo com agrado, pois foi nesse momento que o seu corpo voltou a repousar, e desta vez com o grande sorriso nos lábios.

Deixei ao lado da almofada a prenda para ela abrir quando acordasse. Na segunda-feira seguinte, a Laura regressou ao trabalho e agradeceu-me a prenda com um grande abraço e com um grande sorriso. Ela olhou-me com um ar sinistro, deixando-me a dúvida de que prenda ela se referia. Aquela noite mudou a vida de Laura… para melhor… ela decidiu separar-se do Ernesto.


Foto: _ (Corbis.com)

9 comentários:

  1. Laura, afinal era mulher inteligente.

    Presentes de Natal, dos melhores, não se compram.

    Sem preço.

    Beijos e bom natal!

    ResponderEliminar
  2. E que bela prenda de Natal lhe deixaste :) Vais passar a ser o cura depressões :P
    Cuidado , elas aproximam-se , gostei muito.

    Bj Completo

    ResponderEliminar
  3. Muito boa terapia. Alguém tinha de o fazer...

    ResponderEliminar
  4. Bela prenda, Filipe. As prendas de surpresa são as que nos sabem melhor.

    ResponderEliminar
  5. melhor prenda era impossível...

    ResponderEliminar
  6. a Laura irá ter um Natal muito melhor...

    ResponderEliminar