* Confissão de Desejo



A minha presença na ilha da Madeira não foi fácil. Foi um verão complicado. Trabalhava sozinho com tempo quente, e tinha uma pequena scooter para fazer as deslocações na ilha. Por outro lado, fazia-me sempre acompanhar pela minha máquina fotográfica para registar as deliciosas paisagens nesta minha passagem pela Pérola do Atlântico.

Numa das deslocações, quando passei numa vila, chamou-me a atenção, o facto do Santo Padroeiro ser São Lourenço, o nome do meu padrinho. Estacionei a mota e decidi entrar. A Igreja estava vazia e sentei-me a apreciar a decoração interior. Por entre o silêncio, conseguia ouvir alguém, uma voz feminina suave. Apercebi-me que vinha do confessionário que estava mesmo ali ao lado.

Despertou-me a curiosidade, cheguei mais perto. Ouvi a voz quase que soluçante confessar que sentia uma vontade crescente de trair o namorado. O padre tentava inverter-lhe o desejo carnal.

Ela revelava que, o facto de o namorado ser o único homem com quem tinha estado intimamente, despertava nela um instinto do demónio e uma extrema curiosidade de sentir outro homem dentro de si. Queria sentir o sabor de outro homem. Queria sentir o orgasmo que outro homem lhe proporcionaria, desejava ser possuída por um desconhecido que guardasse com ele o seu segredo.

Continuei muito atento e vi o padre sair, mas a mulher permaneceu a limpar as últimas lágrimas. Fui até ao confessionário, desviei ligeiramente a cortina e espreitei. Ela estava lá dentro. No escuro do confessionário não lhe vi a cara na perfeição, mas disse-lhe que queria ser seu parceiro naquele crime perfeito. Vesti a pele do diabo.

Ela sem me responder, puxou-me, abraçou-me e beijou-me na boca. Eu sentia-me sozinho naquela terra, e isso deixava-me sensível. Não hesitei em responder-lhe num demorado beijo molhado, que me deixou rapidamente duro. A sua voz com sotaque madeirense era sensual e imaginei-a muito bonita, pelo que vi nas sombras, o seu corpo era perfeito.

Ela estava ansiosa, e sem qualquer vergonha, colocou a mão dentro das minhas calças e sentiu-me excitado. Apertou-me. Colocou o dedo indicador na ponta, sentindo-me viscoso. Retirou a mão, e fez questão, de sentir o meu sabor, lambendo e chupando o seu próprio dedo de uma forma calma e demorada.

O espaço era curto e apertado, mas colocamo-nos a jeito, tirando apenas a roupa essencial. Eu baixei as calças e ela fez subir a sua saia, desviando a roupa interior.

Ela colocou os joelhos no banco do padre, empinou-se de costas para mim, num convite mudo ao prazer. Estávamos tão excitados que nos esquecemos do local onde estávamos e penetrei-a bem fundo. Abrimos as nossas portas do inferno.

Ela pediu-me força e intensidade. Aquela voz que há minutos confessara-se quase inocente, era agora uma voz rouca pelo prazer que sentia, a sua fala era entrecortada pelo ritmo. O facto de eu ter acelerado, fez com que tudo se precipitasse, e rapidamente, deixei a minha marca no assento do confessionário, marca essa que ela fez questão de sentir.

Depois desta loucura, a nossa consciência falou mais alto e voltando à realidade, colocamo-nos em fuga, cada um para seu lado, mas as marcas do nosso crime ficaram lá à espera de serem encontradas pela próxima pessoa a confessar os seus pecados.

Foto: Gulliver (corbis.com)

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