* Ao Calor da Lareira

A Lara era minha colega de trabalho. Apesar de jovem, simpática e atraente, ela andava em baixo, pelo facto de sentir que a sua relação caminhava rapidamente para o fim. Eu sabendo que ela ia estar uns dias de férias, ofereci-lhe a minha casa, numa aldeia perto da Covilhã, para ela descansar e repensar a sua vida.

Era uma casa que tinha sido recuperada recente, e ficava localizada numa aldeia linda, no meio da serra, onde se conjugava a Natureza com a paz de espírito. Não sei se foi devido à minha insistência, mas o que é verdade é que Lara acabou por aceitar, e fez-se à estrada para uma longa viagem.

A minha casa estava localizada no topo de uma montanha isolada, com uma vista fantástico sobre a Serra da Estrela, e um apaixonante cheiro a Natureza. Assim que ela lá chegou, telefonou-me a dizer que a viagem tinha corrido bem e que estava fascinada com tudo o que já tinha visto, mas apenas estava triste, porque não sabia acender a lareira. Nessa noite não consegui dormir, sempre a pensar naquela mulher sozinha. Ela estaria segura? Ela não iria sentir frio? Ela não se sentiria sozinha?

Decidi ir ter com ela. Comprei um ramo de flores e fiz me à estrada. A viagem foi feita debaixo de chuva, e quando lá cheguei, devido ao mau tempo tive de deixar o carro na aldeia e ir a pé até à minha casa no topo da montanha. Cheguei lá completamente encharcado.

A Lara ficou surpreendida e simultaneamente radiante por me ver. Ela nem ligou às flores que lhe levei, pois viu que eu estava tão molhado, que rapidamente retirou-me a camisa e levou-me para perto da Lareira. Sim, a lareira já estava com o lume forte, pois Lara pediu ajuda ao Sr. Romeu, o velho pastor da aldeia quando este passeava o rebanho naquela zona.

Acabei por tirar também as calças e coloquei a roupa junto do lume para secar. Senti que Lara não ficou indiferente ao meu corpo, e sem respirar, bebeu um copo de um licor regional. Eu estava de joelhos mesmo em frente à lareira e ela sentada no sofá.

O ambiente ficou tenso entre os dois. Fixamos o olhar um no outro, e sem dizer uma única palavra, os nossos lábios involuntariamente acabaram por se tocar. Admito que fiquei surpreendido quando ela veio para junto de mim, e se deitou sobre o meu corpo, mesmo em frente aquele fogo quente da lareira. Os lábios dela percorreram-me, calmamente, passo-a-passo, recolhendo as gotas de chuva na minha pele.

Estar com aquela mulher era algo que eu já tinha sonhado, mas nunca pensei que conseguisse realizar. O corpo dela fervia. A minha mão direita colocou-se no meio das suas pernas, e o meu dedo indicador foi ousado, tocando-lhe suavemente. Deliciosa. Quente. Húmida. Quando retirei o dedo, ela obrigou-me a molhar os meus lábios com aquele dedo molhado, para depois me beijar, e sentir o seu sabor mais íntimo na minha boca.

Aquilo foi o aperitivo para tudo. A língua foi directa à fonte do seu prazer, e parecia obcecada com aquele local. Ela queria que eu a penetrasse, mas não me apetecia parar de saborear toda sua intimidade, e a minha insistência fez com que ela atingisse o prazer ao ritmo da minha língua. Assim que senti o seu forte gemido de prazer, coloquei o seu corpo na posição ideal e penetrei-a com toda a minha rigidez. 

Foi muito fácil entrar por completo no seu corpo de tão excitado que estava. Não percebia se toda aquela excitação era atracção por mim, ou apenas desejo que o seu corpo tinha para realizar. Independentemente do motivo, eu usei, e aproveitei o corpo daquela mulher de uma forma fantástica.

Eu entrava e saía, bem fundo, e cada vez com um ritmo mais rápido e mais forte. Eu adorava estar dentro dela, e ela implorava pela minha presença dentro do seu corpo. Acabei por ficar com ela até ao final das suas férias, nuns dias fantásticos, onde o fogo daquela lareira nunca se apagou… nem o fogo dos nossos corpos.

Foto: Lou Cypher (corbis.com)

* Uivo da Loba


Por vezes o olhar transmite sensações difíceis de explicar. Quem nunca sentiu uma sensação especial numa simples troca de olhares?

Foi em Lisboa, na Rua Augusta, e seguíamos em sentidos opostos. Mesmo longe, ela destacou-se no meio de toda a gente que caminhava naquela calçada portuguesa. O meu olhou destacou-a inexplicavelmente. Esta sensação foi mútua, pois quando ficamos mais perto, a velocidade do passo reduziu-se, e ela interpelou-me: “oi, você pode me dizer qual a melhor direcção para o Clube de Fado, em Alfama?

A resposta não foi rápida nem directa, talvez para os meus olhos aproveitarem todos os segundos possíveis, com a imagem daquela bonita mulher brasileira, que tinha abraçado o desafio solitário de conhecer a capital portuguesa: “só estou cá quatro dias, mas estou a adorar, já visitei a Torre de Belém, Mosteiro dosJerónimos, Castelo de São Jorge. Amanhã é o meu último dia e quero visitar alguns museusEstou hospedada num hotel novo, na Torre Vasco da Gama” Eu abri os olhos e perguntei: “E Sintra?

Ela sorriu e responde: “adorava conhecer, mas tenho de ir de trem, e assim é mais difícil visitar…” acabamos por nos despedir, comigo a desejar-lhe uma boa estadia em Lisboa… mas criei um problema: eu não deixava de pensar ne, um segundo… tive uma ideia, e na manhã seguinte fui até ao hotel, e esperei na recepção, na esperança de voltar a ver aquela mulher. Eu queria convida-la a visitar Sintra. Ela desceu do seu quarto, e com um grande brilho no olhar, ficou surpreendida exclamando: “O que você está fazendo aqui?” e eu respondi: “Sintra… vou levar-te a conhecer Sintra…

Ela aceitou inadvertidamente o meu convite, ficando radiante com a oportunidade de conhecer a Capital do Romantismo. Visitamos o Palácio da Pena e da Vila, Monserrate e a Regaleira. E foi nesta atmosfera bucólica, que ela me confessou todo o seu romantismo, originando um beijo, talvez inadvertido.

E cansados de um dia mergulhado na história desta vila apaixonante, ficamos sentados na escadaria do Palácio Nacional de Sintra, num momento de ternura e de carinho, a ver a Lua a surgir no topo da serra. Eu estava sentado atrás dela, abraçado ao seu corpo, com mil ideias e mil desejos. Sentia-me rendido ao doce cheiro do seu perfume, que sentia no seu pescoço. O ambiente mágico do “Monte da Lua” fez aquela mulher de Curitiba confessar o que estava a sentir naquele momento: “me sinto livre… selvagem… me estou sentindo uma loba…

A noite ficou fria, e no ar sentia-se uma neblina típica do microclima de Sintra. Fomos os dois até ao carro, mão na mão, sentindo a força e o calor mútuo. Estávamos tão embebidos no poder da atracção, que esquecemo-nos de jantar. A fome dos nossos corpos era outra. A viagem de regresso a Lisboa foi tensa, pois não conseguíamos transformar em palavras, tudo o que estávamos a imaginar.

Quando parei o carro junto do hotel, ela olhou para mim, e antes de sair, fez-me uma pergunta com mil significados: “você não quer entrar?” … Eu queria entrar naquele hotel, naquele quarto, no seu corpo, na sua vida…

Aquela noite foi mágica, pois juntamos a novidade, a curiosidade e o desejo. Toquei-a, acariciei-a, saboreia-a. Era simplesmente divinal o sabor do seu corpo. De uma forma meiga e lenta, entrei dentro dela. Quase funcionou como tortura, o carinho constante que lhe ofereci. 

Foi uma noite longa, onde prolongamos o prazer de uma forma indescritível. Tudo foi feito com muita calma e muita qualidade. Ela estava a poucas horas de sobrevoar o Oceano Atlântico, e por isso todos os segundos tinham de ser bem aproveitados… e foram…

Ela foi única, inesquecível, perfeita. Ainda hoje sinto no meu corpo o doce pecado daquela noite… e nunca me esquecerei da forma descontrolada como aquela loba uivou para a lua… Foi um momento magistral… e tudo começou num simples olhar…

Foto: Autor Desconhecido

* Requinte da Vizinha

O Eduardo foi escolhido para representar a empresa durante três meses num projecto muito importante no Brasil. Nós para além de colegas de trabalho, vivíamos no mesmo condomínio, éramos bons amigos.

Esta oportunidade não chegou no melhor momento, pois ele tinha oficializado a sua relação com a Mónica muito recentemente.

Alguns dias depois de ele ter viajado, cruzei-me com a Mónica no elevador e ela pediu-me ajuda. Ela tinha instalado o Skype mas não conseguia falar com o Eduardo. Eu disponibilizei-me de imediato e combinei depois de jantar passava por lá por casa para tentar resolver o problema. Ela estava bonita e elegante como sempre…

Quando cheguei encontrei um ambiente com pouca luz, docemente perfumado. A Mónica ainda tinha o cabelo molhado, e já estava de pijama… Não sei explicar o que senti, e dirigi-me ao computador com o coração demasiado acelerado. Eu tinha de sair dali rapidamente, estava como medo do que poderia acontecer, e em 10 minutos resolvi o problema e saí.

No dia seguinte, voltei a encontrar Mónica novamente no elevador. Ela baixou ligeiramente os seus óculos, e com um meigo sorriso voltou a pedir-me ajuda. Desta vez ela não conseguia ver TV. Devo confessar que tremi, mas não consegui dizer que não.

Desta vez optei por ir antes de jantar e quando cheguei deparei-me com uma mesa para dois, uma garrafa de vinho branco na mesa e música ambiente. Ela iria ter companhia para jantar, ou seria um convite subtil? Ela estava linda, deslumbrante, com um vestido que bem definia o seu corpo.

Aquela mulher transpirava requinte. Ela era uma perigosa tentação. Verifiquei que o problema na TV era um simples mau contacto e mais uma vez sai rapidamente.

Cheguei a casa mas não conseguia tirar a imagem daquela mulher da cabeça. Arranjei uma desculpa para lá voltar. Eu tinha de esclarecer a minha dúvida: para quem seria o outro prato que estava naquela mesa?

Subi no elevador, e quando cheguei, ela demorou uns minutos a atender-me, mas abriu-me a porta com uma toalha enrolada no corpo, cabelo molhado e com um cheiro de quem tinha saído do banho. Convidou-me para entrar, fui à sala verificar se já estava tudo certo com a TV (eu já sabia que estava). Ela foi comigo, inclinou-se sobre a mesa da sala para ler uma revista e deixou exposta um vista sobre as suas belas coxas… Aquilo era provocação…

Não resisti. Tive um terrível impulso. Por detrás, encostei-me e sussurrei-lhe ao ouvido: “Desculpa, mas não te consigo resistir”… Ela respondeu-me prontamente e sem hesitações: "Então não resistas”.

Ela fez com que a tolha escorregasse no seu corpo, e sem sequer olhar para trás, inclinou-se ainda mais sobre a mesa, expondo-se para mim. Sem lhe pedir autorização, invadi o interior do seu corpo… mas ela sussurrou-me mais uma vez: “aí é só para o meu marido. Tira. Mete mais em cima” Fiquei surpreendido, mas fiz-lhe a vontade. 

Com as mãos na sua cintura, puxei as suas ancas contra mim. Senti todo o seu calor, e a humidade a transbordar. Ela queria que eu fosse forte, intenso, bruto. Eu correspondi com o meu melhor. Era a primeira vez que entrava ali… sentia-me inexperiente…

Ela gostava de sentir, e acabou por atingir o seu prazer com a ajuda da própria mão. Ela tocou nos sítios que mais gostava. O meu prazer, ela sentiu nas suas costas… arrepiou-se…

Até o Eduardo regressar do Brasil, naquele apartamento, ocorreram várias avarias... sempre com requinte…


Foto: Matt Hess (Corbis.com)

* "Ocultos Buracos" - Minha Estrela de TV

Esta história é um conto da minha autoria que foi publicada na colectânea, "Ocultos Buracos", da editora Pastelaria Studios. Trata-se de histórias incríveis ou impossíveis... 
A apresentação deste projecto decorreu no dia 27 de Outubro, na Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa. Para os interessados, a compra deste livro poderá ser efectuada online, nos links abaixo indicados.

Aqui deixo o meu texto, com a minha participação neste projecto e também o meu muito obrigado  à "Pastelaria Studios".

Links
------
 Minha Estrela de TV
  
 
Foi uma semana difícil, pois tive de viajar sozinho por alguns distritos de Portugal, com o objectivo de fiscalizar uma nova rede de infra-estruturas que estava a ser implementada, com o apoio da União Europeia.

Estive na Guarda, Castelo Branco, Santarém e Leiria. Naquela noite ficaria em Lisboa, e no dia seguinte seguiria para o Algarve. Foram muitos quilómetros em pouco tempo, e eu andava exausto, e naquela quinta-feira, já era noite, e eu estava quase a chegar à capital, ansioso por um banho, um bom jantar e muito descanso.

Na A8, a auto-estrada do Oeste, junto a Montachique, numa curva sem luz, estava um carro parado, avariado e uma mulher sozinha. Ela parecia desorientada e desesperada, com um vestido comprido a bailar ao ritmo do vento forte que se fazia sentir naquela noite fria de inverno. Decidi parar e tentar ajudar, mas fiquei totalmente pasmado quando me apercebi que era uma vedeta da TV, famosa e conhecida por todos. Eu estava a ver bem? Eu não estava a ter uma visão? Ela seria real?

Ela, em poucas palavras pediu-me boleia até ao hotel onde ela estava hospedada, em Lisboa. Ela tinha acabado de sair das gravações de um programa, nuns estúdios ali próximos e não conseguia contactar nenhum colega, nem a empresa que lhe alugou o carro. Eu nem tive coragem de lhe tocar com medo que ela não fosse real, pois eu adorava aquela mulher, e em casa, ainda tinha guardado a revista Maxmen, onde ela tinha sido capa, e onde existiam algumas fotos suas mais ousadas.

Durante a viagem, no meu carro, ela não disse uma única palavra, mas eu percebi que ela ficou mais calma com a minha companhia. Eu acredito que não seja fácil para uma mulher estar sozinha numa auto-estrada, à noite, e sem conseguir contactar ninguém. Ela estava hospedada no mesmo Hotel onde eu tinha o quarto reservado para aquela noite. 

A viagem demorou pouco tempo, e eu fui a falar um pouco da minha vida, do meu trabalho, dos meus projectos e acabei por confessar, ainda ter guardado a publicação onde ela brilhou. Ela respondia às minhas palavras em silêncio, mas com sorrisos expressivos.

Quando chegamos a Lisboa, cada um recolheu ao seu quarto, eu tomei o banho que tanto desejava e mudei de roupa. Antes de descer ao restaurante, decidi bater na porta do quarto 306, na esperança de conseguir uma resposta positiva ao convite para jantar que lhe iria fazer, e para saber se ela já tinha conseguido resolver o problema do carro.

Fique corado e envergonhado, quando ela me abriu a porta do quarto apenas com uma lingerie negra, fazendo um excelente contraste com a sua pele branca. Ela sorriu, convidou-me a entrar, e apercebendo-se do meu embaraço, ela interagiu comigo, perguntando-me: ”o que se passa? Não estás a ver nada mais do que viste nas fotos da Maxmen”

De facto era verdade, mas agora ela estava mesmo à minha frente, e já dentro do quarto, num acto provocatório, ela voltou a questionar-me: “O que fazes, e o que imaginas quando olhas para as minhas fotos na revista?”. Que pergunta!!! …pensei responder que não pensava em nada de especial, mas não era isso que ela queria ouvir, e tentei surpreender com uma resposta num tom mais digno para dizer a uma mulher: “Vejo o brilho do teu olhar, o reflexo da tua pele e a magia do teu corpo. Respiro a tua sensualidade. Fecho os olhos e imagino que o teu corpo é meu, imagino que te toco, que te sinto. Desejo-te incrivelmente... Graças a ti, em segredo, já tive deliciosos momentos de prazer. És um desejo difícil de descrever…”

Ela fez um sorriso atrevido de satisfação pelas minhas palavras, olhou para mim e perguntou-me de uma forma quase demoníaca, incentivando-me ao pecado: “E agora que estou aqui à tua frente, não queres exemplificar comigo, tudo o que vai na tua imaginação? Gostava de sentir o teu desejo. Achas que consegues? Achas que és capaz?

Corei novamente, mas ela combatendo a minha timidez, agarrou-me, puxou-me e fez-me cair na cama daquele quarto, abrindo assim as portas ao pecado. Parecia impossível, e eu nunca imaginaria que poderia desfrutar do corpo de uma mulher assim, estrela de TV e desejada por todos. Foi primoroso beijar aquela boca, aquele pescoço e todo o seu corpo. Tudo parecia perfeito, parecia divinal.

A roupa caiu no chão, e eu sentia-me no país das maravilhas, com aquele corpo nu em cima de mim. Foi um momento incrivelmente profundo entre os dois, mas ela não foi uma mulher fácil de satisfazer. Eu gosto de mulheres assim, que me aguçam o desafio e que dão luta. 

Ela obrigou-me a ser um homem intenso e ávido do seu prazer. Tudo se prolongou, como se o relógio tivesse duplicado a sua velocidade, numa viagem onde o prazer é difícil de descrever. Fomos ao céu e voltamos, de uma forma feérica... diversas vezes…

Os corpos ficaram extenuados, abraçados e em plena cumplicidade, acabando por adormecer num sono profundo em cima daquela cama.

Na manhã seguinte, quando acordei, o quarto estava vazio e sem marcas da noite anterior. Eu apenas encontrei um pequeno post-it amarelo colado na minha carteira com a seguinte mensagem: “Obrigado, mas ontem não aconteceu nada, foi só imaginação tua… esta história era impossível de acontecer, não era?”.

Vesti-me, e desci a correr até à recepção do hotel, para saber em que nome esteve aquele quarto na noite anterior, e ouvi uma surpreendente resposta: “Quarto 306? Na noite passada não esteve ocupado!!!

Impossível…

* Sexo ao Vivo

Eu era jovem, e já tinha visto em alguns filmes americanos, lojas com peep-show. Eu sempre pensei: será que isto existe em Portugal? Foi a caminhar nas ruas de Lisboa que descobri uma sexshop, onde existia este tipo de espetáculos.

Foi a minha grande oportunidade de matar a minha curiosidade. Entre na loja e escolhi uma pequena porta. Encontrei um espaço apertado, com um vidro fosco. Ganhei coragem para colocar uma moeda, para assistir ao show. Eu esperava encontrar de uma mulher nua, separada de mim apenas por aquele vidro. Acho que é um desejo secreto de todos os homens.

A moeda caiu, e o vidro deixou de estar fosco permitindo a visibilidade para o interior daquele espaço. Eu fiquei surpreendido com o que vi. Distraído, eu não li o grande anúncio que estava no interior da loja, junto à porta. Em vez de uma mulher, eu deparei-me com uma sessão de sexo ao vivo, com um casal, sem qualquer tabu…

Admito que fiquei bastante entusiasmado, com a imagem daquele casal, aparentemente oriundo de um país do Leste da Europa, em grande atividade, mesmo à minha frente, num palco rotativo, que me permitia assistir aquele espetáculo de todos os ângulos.

O tempo de cada moeda era curto, e para continuar a assistir tinha de colocar uma nova moeda. Tornava-se num espetáculo caro, e eu não ia monetariamente preparado, e assim apenas consegui assistir a poucos minutos…

Sai daquele espaço apertado, e fiquei atento a tudo o que existia naquela loja. Junto à porta, estava a informação que eu ainda não tinha lido, com uma foto do casal, e a comunicação que aquela actuação repetia-se de hora a hora. Surgiu-me logo a dúvida. Como é que aquele homem conseguia?

Imaginei que a Madalena ia gostar de assistir, mas nunca teria coragem de aceitar o meu convite. Era uma amiga sem tabus, mas tímida. Vi no horário que a última sessão seria às 22h, e arranjei um motivo para conseguir arrasta-la, ainda naquele dia, para aquela zona da cidade. Um jantar? Pago por mim? Ela aceitou o convite…

Quando passamos à porta da dita Sexshop, convencia-a a entrar, com um pedido mentiroso de ajuda, na compra de uma prenda atrevida para um amigo comum. O ambiente da loja estava diferente, mais pesado, com homens de meia-idade a vaguear pela loja, a entrar e a sair das cabines.

Ela sentiu-se incomodada com a atmosfera que ali se sentia, e questionava-me constantemente sobre o que acontecia dentro daquelas pequenas portas. Eu, sem lhe responder, puxei-a para dentro da única cabine que estava livre, colocando de imediato uma moeda. Lá estava o mesmo casal da manhã em acção.

Ela ficou incrivelmente surpreendida, com o seu olhar fixo no que estava a acontecer. Ela ficou incrivelmente corada. Desta vez eu estava preparado com mais moedas, mas tudo foi rápido. Quando tudo terminou, agarrei-lhe na mão e saímos em passo acelerado em direcção à rua, para não sermos alvo de olhares.

Estávamos os dois a ferver. Fomos até ao carro que estava no parque de estacionamento subterrâneo, perto do jardim. A pouca luz, e a zona mais escondida onde o veículo estava estacionado, foi o mote para não resistir à adrenalina e ao desejo que estávamos a sentir.

Rebatemos o banco do carro e abusamos um do outro, sem nos preocuparmos com os outros carros e as pessoas, que passavam mesmo ao nosso lado. Isso em vez de nos inibir, ainda nos excitava mais, sentindo-nos na pele do casal do peep show. A loucura foi tal, que ela abriu o vidro do carro, para o grito do seu orgasmo ecoar por todo aquele estacionamento.


Foto: Richard Nowitz  (corbis.com)