* Inesperado Reencontro



Foi uma relação de descobertas, num namoro de mão-na-mão. Investigamos os nossos corpos, descobrimos os nossos prazeres. As coisas avançaram calmamente com um sabor especial, e quando descobrimos a nossa intimidade na sua plenitude, quando nos entregamos por completo, ocorreu um evento que alterou as nossas vidas: a entrada na universidade.



Eu fui estudar para Coimbra e a Vanessa para o Porto. Fomos afastados pelo destino. Os nossos encontros ficaram quase impossíveis. Entretanto, numa conversa de família, descobri que o meu tio que vivia no estrangeiro, tinha um apartamento vazio no Porto, na zona da Constituição. Consegui as chaves dessa casa, e fiz uma surpresa à Vanessa. Viajei até ao Porto, esperei por ela e vivemos um reencontro delicioso. A distância aumentou o sabor do desejo.


Aquele velho apartamento foi um delicioso espaço de amor, que registou tudo o que é possível imaginar entre duas pessoas que se desejavam. Não desperdiçávamos um minuto que fosse de prazer. Eu adorava a sensação de estar dentro do corpo daquela mulher. O meu desejo por ela era tal, que todos os dias antes de dormir, colocava na minha almofada um pouco do seu perfume, para poder adormecer com o seu cheiro ao meu lado.



No entanto, a falta de tempo, fez diminuir o número de vezes que eu consegui ir ao Porto, e a nossa relação acabou por desvanecer-se, terminando de uma forma natural. O tempo passou, e acabamos por seguir o rumo das nossas vidas. Perdemos totalmente o contacto. O apartamento do Porto foi vendido. No entanto, bastante tempo depois, quando já tínhamos terminados os nossos cursos universitários, casualmente o destino cruzou-nos uns anos depois, em Braga, no Campo da Vinha.



O mundo parece pequeno, quando acontece assim um encontro totalmente inesperado. Eu não consegui acreditar que voltei a encontrar o grande amor da minha juventude. A Vanessa ainda usava o mesmo perfume. Adorei voltar a sentir aquele doce aroma reflectido no brilho do seu olhar. Foi um reencontro histórico.



Conversamos, relembramos, vivemos. Trocamos memórias de momentos inesquecíveis. Recordamos que na nossa história, faltou-nos apenas conhecer a casa de férias em Vila Praia de Âncora. Nunca tivemos oportunidade, no entanto, a chave estava ali connosco. Surgiu um sorriso e pensamos os dois no mesmo. Fomos atraídos pela força do Mar, e mesmo numa tarde de muita chuva e vento, o nosso destino foi aquela casa em frente à praia.



Tudo voltou a acontecer. Tudo se repetiu. Voltei a sentir a perfeita sensação de penetrar aquele meigo corpo feminino. De forma calma, preenchi por completo o mundo mais íntimo da Vanessa. Ela deslumbrou-se com a forma lenta como entrei e sai de dentro do seu corpo. Ofereci-lhe o momento de ficar totalmente dentro do seu corpo, imóvel, num abraço intenso. Foi nesse instante, que o seu dedo acariciou calmamente o ponto-chave do seu corpo. Sensível e estimulante.



A memória intensificou o desejo de uma forma impossível de controlar. Sem pensar, deixei tudo no seu interior, em impulsos fortes, que ela pedia em voz bem alta, intercalada com gemidos descontrolados. Era assim que ela queria, foi sempre assim que ela gostou, as minhas mãos agarrar a sua cintura e sentir penetrações fortes. Fomos mais cúmplices do que nunca. Falamos coisas tão loucas e acabamos em silêncio…



Os dois ficamos tão obcecados em reviver intensos momentos, que nos esquecemos da nossa vida quotidiana. Aquele reencontro foi um pecado, aquele reencontro foi uma traição, para os dois. Nós tivemos um comportamento de jovens descomprometidos, mas a nossa vida já tinha mudado. Ficamos desligados do mundo real até à manhã seguinte, sem pensar nas consequências deste regresso ao passado.



E agora, o nosso regresso à realidade vai ser complicado e difícil de gerir…



Foto: Autor desconhecido

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