* Perfeição Feminina


Eu gostei tanto da experiência de ter trabalhado durante as férias da Pascoa, no Estúdio de Tatuagem, que quando chegaram as férias de Verão, fui falar com o Virgílio, se haveria alguma vaga para poder voltar a trabalhar no estúdio. 

Ele disse-me que no Estúdio de Tatuagem não havia vagas, mas se eu tivesse interessado poderia ir trabalhar, durante quinze dias, para um Estúdio de Piercing, que ele também era proprietário, que ficava situado em Alfama.

Mais um desafio que aceitei com um sorriso nos lábios, sem sequer pensar no que teria de enfrentar. E é verdade, não foi nada fácil conseguir lidar com esta situação, de ver pessoas a ser furadas em varias parte do corpo.

Era terrível para mim, ver pessoas a fazer piercings, na maioria das vezes apenas por uma questão de afirmação pessoal, ou para poder se manter num grupo de amigos. Eu achava terrível, no entanto respeitava as opções.

No entanto os quinze dias pareciam que não terminavam, e naquela tarde, apareceu uma jovem, para fazer um piercing vaginal. Fiquei chocado. O que levava uma rapariga tão bonita, a fazer aquilo? 

Tentei conversar com ela para tentar perceber de onde partia tal desejo, e foi fácil e rápido de perceber que a origem de tal iniciativa partia do namorado. Ela já tinha feito um piercing no umbigo e junto do olho, também por iniciativa dele e era ele que pagavam.

Ela mostrou-me uma fotografia do namorado, e ele tinha vários adornos metálicos no rosto. Ele era um fã de corpos decorados com pequenas jóias metálicas. Pelas fotos, aquele rapaz parecia-me de um estilo completamente diferente desta rapariga, e ela apenas lhe fazia a vontade para o satisfazer, e para poder integrar-se no grupo de amigos dele.

Bem, comecei a prepara-la, para o nosso técnico lhe fazer a aplicação da jóia metálica. Ela tirou a roupa, e ficou com as pernas abertas, mesmo à minha frente de modo a que tudo ficasse em condições de segurança e higiene.

Fiquei fascinado a olhar para a intimidade daquela jovem, era linda, perfeita, e algo que eu nunca tinha observado. Nas suas pernas, via-se a veias a caminhar, prontas a irriga-la, nos seus momentos mais quentes de prazer. 

Eu abri o coração e acabei por me confessar: “Esta tua zona do corpo é uma coisa tão perfeita, tão simétrica, tão bem desenhada pela Natureza. Confesso que nunca tinha visto nada tão excepcionalmente excitante e atraente. Dá-me vontade de tocar e de sentir. Saborear cada pormenor e cada recanto. Deve ser uma incrível fonte de prazer. Ela será certamente a porta de passagem dos teus filhos para o mundo. Ela é linda, linda, linda… Por favor, não a alteres, e deixa-a ficar assim perfeita. Por favor, guarda essa jóia bem guardada, valorizando a sua perfeição, e oferece-a apenas a quem mereça desfrutar desta perfeição. O que acabei de assistir, é uma imagem que nunca sairá da minha memória…”

Aquelas palavras despertaram nela algo que não foi indiferente. Ela sentiu-se encorajada, vestiu-se, deu-me um beijo de felicidade, e saiu a correr em direcção à rua. Eu fiquei extremamente radiante por ter conseguido evitar, que aquela jovem mulher fizesse algo que efectivamente não queria, desfigurando para sempre, algo tão perfeito, apenas por capricho de um homem.

Nunca mais consegui ver nada mais bonito, do que as portas daquele abrigo de prazer. Ainda hoje sonho, em muitos momentos de solidão, tudo o que poderia fazer com aquela jóia preciosa, e sempre com estou com uma mulher, em segredo, faço sempre as minhas comparações. Irei morrer com o desejo secreto de encontrar algo semelhante.

Bem, quem não achou graça às minhas palavras foi o Virgílio, que assim que soube que tinha perdido um cliente, antecipou o dia em que tinha de sair. Fui despedido, e ainda bem que assim foi…

 Foto: Silvya Torres (Corbis.com)

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