* Sabor da Chuva



Nunca me esquecerei. A primeira vez que vi a Raquel foi na Linha 3 da Gare do Oriente, sentada no chão e com um ar triste e choroso.

Era início de tarde, e estava um dia frio e chuvoso. Os olhos molhados daquela bonita mulher obrigaram-me a perguntar-lhe se ela precisava de alguma coisa. Ela ignorou-me. Uns minutos depois, fiz-me de ignorante e perguntei se ela sabia qual o comboio que ia para Sete Rios. Eu sabia que estava no sítio certo, mas a pergunta valeu pelo sorriso tímido, e pelo abanar da cabeça dela, confirmando a minha questão. Sentei-me ao seu lado e insisti, tentando ouvir a sua voz…

Ao início eu estava praticamente a conversar sozinho, mas a minha insistência roubou-lhe alguns sorrisos e as primeiras palavras. Eu não sabia qual o seu problema, mas percebi que ela não podia ficar assim sozinha. Como eu também estava sozinho, e tinha a tarde livre, decidi e convida-la a um passei no Shopping, pois eu tinha programado uma visita ao Colombo para ver um casaco que queria comprar. Ela deu um forte sorriso, agradada com o meu convite, e respondeu: “Porque não?”

Passeamos, conversamos, divertimo-nos. Estava a ser tão agradável, que não nos apercebemos do avançar da hora. A conversa não parava, parecia que nos conhecíamos há muito tempo. Eu fiz questão de a acompanhar até ao comboio, pois já era de noite, e fomos a pé até à estação de Benfica, evitando assim o custo da viagem de Metro. Que má decisão, era longe e a meio do caminho começou a chover.

Nós não tínhamos nada para nos proteger, e estávamos a atravessar uma zona isolada, onde não passava ninguém, e não existia nenhum sítio para nos abrigar.

Para nos proteger, entramos dentro de um terreno com uma casa antiga em ruínas, onde talvez nos conseguíssemos proteger, mas eram só paredes. Já não havia nada a fazer, estávamos completamente molhados. Foi nesse momento, que segurei a mão da Raquel, fixei-lhe o olhar, e mesmo sem saber explicar, confessei-lhe que aquela tinha sido das tardes mais especiais da minha vida.

Senti que ela se arrepiou, não pelo corpo estar molhado, mas sim pelas minhas palavras… Demos um demorado e inesperado beijo, e os corpos colaram-se num forte abraço. As nossas mãos percorriam os nossos corpos.

Encostei-a a uma parede em ruínas, e em cima aquele vestido molhado e colado ao seu corpo, eu beijei-a, descendo passo a passo. Beijei o seu pescoço, o seu peito, a sua barriga, até me ajoelhar à sua frente.

Ela automaticamente colocou a perna em cima do meu ombro. A minha língua tocou a sua roupa mais íntima. O dedo desviou aquele tecido, e penetrou-a, abrindo caminho para a minha língua se movimentar delicadamente no ponto-chave do seu corpo. O meu dedo preenchia e a minha língua estimulava.

Senti que toda aquela excitação só poderia ser satisfeita, quando eu a penetrasse devidamente, com tudo o que ela queria sentir no seu interior. Ela saltou para mim, com as pernas de volta da minha cintura, e eu encostei-a à parede. Perfeito. Ela impôs um movimento na sua cintura, sempre com o ritmo que mais prazer lhe dava.

Os nossos corpos balançavam de modo a eu nunca sair de dentro dela. A chuva estava cada vez mais forte, e a intensidade dos nossos movimentos também. O prazer chegou à mesma velocidade de um forte aguaceiro, quando estávamos bem agarrados para manter os nossos corpos quentes.

Nós sentimos o sabor da chuva, num dia inesquecível nas nossas vidas. Nós marcamos no calendário o começo de uma inesperada e incrível amizade, e o início de uma grande gripe…

Foto: Franco Vogt (corbis.com)

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