* Chiado Inesperado

Foi na Rua Garrett, em Lisboa, que o meu corpo se sentiu pela primeira vez descontrolado, com uma atracção inexplicável, por um rosto singelo e tímido.

Eu subia em direcção ao Largo Camões e ela descia em direcção à Rua do Carmo. Mais a baixo ou mais a cima, quase todos os dias o nosso olhar se cruzava. 

Eu não conseguia destacar nada de especial naquele corpo, mas o conjunto enchia-me as medidas. Eu inexplicavelmente desejava aquele corpo e sentia uma desmedida atracção.

Eu adorava os dias de chuva quando ela passava por mim com o cabelo húmido despenteado. E foi num forte aguaceiro de Abril, que o inesperado aconteceu. 

Sem estarmos preparados, começou a chover intensamente e ficamos os dois sem reacção, e eu impulsivamente, agarrei-lhe no braço, e puxei-a para um pequeno recanto perto do shopping, onde não existe comércio, porque as lojas estão todas fechadas. 

Ficamos os dois protegidos da chuva, mas totalmente desprotegidos para um desejo que se vinha a apoderar de nós nas últimas semanas.

Ela estava com o cabelo húmido mas com cheiro a shampo, e eu, sem dizer uma única palavra, encostei-a à parede, e fiz a minha mão subir a sua perna. Ela nem reagiu nem se opôs. Toquei-lhe na sua intimidade, e senti que estava muito mais húmida que o seu cabelo. 

Foi naquele momento que senti toda a atracção a transformar-se em desejo. E correndo o sério risco de sermos vistos por alguém que olhasse para aquele recanto, eu não podia parar, e tinha de alimentar ferozmente aquele desejo.

Inclinar o seu corpo ligeiramente para a frente, e desviar ligeiramente a sua roupa interior, foi o início de algo que os dois mais queriam naquele momento, sexo. 

O seu corpo aceitou-me na perfeição logo no primeiro impulso, e eu fui implacável com ela, comportando-me como uma macho devorador e feroz no seu habitat natural, dizendo apenas e sem pausas: “toma… toma… toommmaaaa…tommaaa… grrrr”. Que mulher profunda e ardente, capaz de aguentar tudo numa situação de perigo, mas era esse mesmo perigo que aguçava o prazer.

Eu não sabia o seu nome mas já conhecia o seu cheiro e seu sabor. Senti que ao longe alguém se apercebeu do que se estava ali a passar, e gritou, mas nem eu nem ela nos incomodamos com isso. Estávamos a viver um momento de prazer inesperado que não tinha como ser interrompido. Quente. Molhado. Animal. As minhas mão variavam de sitio, alternado entre as sua cintura, os seus ombros ou o seu peito.

Aquele rosto tímido tinha se rendido a mim, à minha forte penetração, ao meu intenso poder de lhe oferecer tudo o que ela queria sentir. A temperatura quente dos nossos corpos conseguiu secar as nossas roupas, e eu sentia perfeitamente todas as contracções de prazer que o interior daquela jovem produzia. Eu sentia-me tremendamente apertado dentro do seu corpo, e adorava isso. Era sinal de prazer, de qualidade, de satisfação.

Ela era uma mulher de alta qualidade, e capaz de tudo. Eu estava fascinado, com tudo o que estava a viver, e com a possibilidade de tocar e sentir alguém como ela. O fogo tinha regressado ao Chiado de uma forma igualmente devastadora e perigosa.

Ficamos rendidos ao prazer, exaustos e sentados no chão. Depois de tudo, um simples beijo de agradecimento mútuo foi incrivelmente inocente. Eu não sabia nada sobre ela, mas sabia que tinha acabado de viver um momento inesquecível. Eu queria voltar a saborear aquele corpo quente, mas calmamente, sem perder um único recanto. A minha língua queria tocar-lhe por completo. Era o meu desejo mais secreto naquele momento.

De repente, ela levantou-se e escreveu num pequeno papel, enquanto eu ainda estava sentado no chão, colocou-me aquele papelinho no bolso das calças, e em passo de corrida desapareceu daquela galeria… o papel apenas dizia:”Chamo-me Catarina… descobre-me…” Eu aceitei aquele desafio… eu tinha mesmo de a voltar a descobrir… eu queria aquele corpo para mim… nem que fosse apenas só mais uma vez…

Foto: S. Hammid (Corbis.com)

14 comentários:

  1. Sugere um livro para a Caracolinha ler,pode ser?
    Obrigada e bom fim de semana~~~~

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  2. Adorei...!Esse Chiado tem muito que se lhe diga!! É maravilhoso, para quem desce ou sobe a Rua do Carmo, é maravilhoso para quem se perde a correr na multidão, ou para quem se quer perder dentro dela.
    Muito bem escrito!!

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  3. Grácias por pasar por mi blog!

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  4. Olá...quanto tempo...
    Está tudo muito delicioso por aqui...
    Passando para desejar um ótimo final de semana...
    Bjs carinhosos...Mar...

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  5. Bom, não conheço Portugal, menos ainda a rua do Carmo, mas me deliciei com cada palavra desse belo texto. Quente e excitante!
    beijos gostosos da Lisa ;*

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  6. Obrigada pela visita. também estou adorando o seu.
    Em breve visitarei Lisboa!! Beijos.

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  7. gostoso e até poético...
    A BRASILEIRA

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  8. Muito bom este texto, aliás o blog no geral , vou voltar para ler mais

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  9. Há mulheres assim, perigosamente inesquecíveis...

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  10. uau, que texto delicioso. Fiquei com uma imagem bonita na cabeça de tu a puxares-lhe o braço quando começou a chover e ficarem os dois cheios de desejo. lindo mesmo. gostei muito. beijinhos***

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  11. SEUS TEXTOS NOS FAZEM VOAR... MARAVILHOSOS. BJSS E PARABÉNS!!!

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