* Discreta Ousadia





A Neusa era uma colega de trabalho simples, discreta e reservada, e que fazia questão de usar sempre um estilo de roupa bastante elegante. Trabalhávamos no mesmo edifício, mas em pisos e departamentos diferentes. Eu cruzava-me com ela diversas vezes, e trocávamos sempre um sorriso de cortesia. 



Curiosamente, começamos a beber o café da manhã à mesma hora, juntamente com outros colegas. As conversas eram díspares, sobre eventos do fim-de-semana, sobre assuntos de família, notícias do dia-a-dia, mas quase sempre estas conversas acabavam em assuntos mais ousados. Numa empresa onde a grande maioria dos funcionários são homens, o tema “sexo” surge com demasiada regularidade.



A Neusa corava e retirava-se em silêncio, assumindo assim a sua timidez natural. Confesso que percebia bem o sentimento dela, pois os nossos colegas exageravam, detalhando conversas demasiado íntimas. Em determinado momento, ela optou por começar a beber o seu café matinal, sozinha.



Sentindo aquele comportamento, decidi enviar-lhe um mail, mostrando a minha compreensão sobre o seu afastamento. Esta mensagem foi o início de uma longa conversa no silêncio das teclas dos nossos computadores.



Nas suas palavras, descobri uma mulher imaginativa e sonhadora, não assumindo qualquer tabu na sua intimidade, mas reservando todas as suas loucuras para dentro de quatro paredes. Ela confessou-me que os prazeres do seu corpo são elaborados e complexos, e carecem de muita dedicação e qualidade para atingir a perfeição. Estas palavras alimentaram a minha curiosidade e despertaram o meu desejo.



Naquela empresa, ninguém imaginava as palavras quentes que o outlook transportava entre o 3º e o 4º piso. Na semana seguinte, no dia de aniversário da Neusa, decidi surpreende-la com um presente. De manhã, quando ela chegou ao seu posto de trabalho, tinha um pequeno presente em cima da sua secretária. Ela abriu reservadamente, e facilmente percebeu a origem de tal oferta, uma lingerie negra.



Eu já tinha confessado, que imaginava que uma lingerie negra, certamente ficaria perfeita na sua pele clara, e o seu cabelo escuro. Sempre adorei esse contraste de cores, e ela sabia. Nesse dia, ela não respondeu a nenhuma das minhas mensagens. Ela não atendeu a nenhum dos meus telefonemas. Ela teria levado a mal a minha oferta? Fiquei triste, perturbado, preocupado. Nessa noite não consegui dormir…



Na manhã seguinte, tudo continuava igual. O que teria acontecido? A meio da manhã, recebi um telefonema, a informar-me que tinha uma reunião marcada na sala nº5. Reunião? Não está na minha agenda!! Desci até à sala de reuniões, mas não tive uma reunião, tive uma surpresa. A Neusa esperava por mim…



Ela quis surpreender-me. Trazia um vestido preto, cintado, e umas botas de cano alto. Ela estava elegante como sempre. Eu fiquei tímido, sem saber o que dizer. Qual era o objetivo da reunião? Ela quis mostrar-me como tinha gostado da minha prenda. Ela pediu-me para ficar sentado, e retirou o vestido calmamente, sem nenhuma espectacularidade.



Adorei ver o seu corpo, a sua pele e o seu ventre liso. Aquele momento ultrapassou tudo o que eu tinha imaginado. Senti que tinha brincado com o fogo. A Neusa era fogo, e eu acho que me queria queimar.



Ela voltou a vestir-se calma e naturalmente, deu-me um beijo no canto da minha boca deixando as marcas do seu baton vermelho, e segredou-me: “tenho de ir trabalhar… mas hoje já podes imaginar como estou debaixo deste vestido…” O nosso jogo de sedução e provocação estava cada vez mais refinado. Será difícil imaginar como isto vai acabar? Eu estava a adorar a sua discreta ousadia…



Foto: Autor Desconhecido (corbis.com)

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