* Trail Noturno

Eu gostava de dar “umas corridas” ao final do dia no parque da cidade. Era um hábito diário de várias pessoas, e era curioso que acabava por me cruzar com vários “companheiros”, uns a correr, outros a caminhar, e acabávamos por trocar sorrisos ou cumprimentos.

Devo confessar que gostava de me cruzar com uma mulher morena, baixinha, cabelo escuro, que corria sempre de rabo-de-cavalo e leggings. Gostava do estilo e do sorriso. Percebi as suas rotinas. Tentei coincidir os meus horários para poder encontrá-la. Com as minhas novas rotinas, acabei por acompanha-la, e ela gostava da minha companhia.

Ela sentia mais segurança, até porque nunca tinha companhia no seu treino, e com a chegada do tempo mais frio, a noite chegava mais cedo. Além disso, em dias mais frios e de chuva, há menos gente no parque…

Eu comecei a ficar cada vez mais fascinado com a minha companhia, e acabei por lhe lançar um desafio: “vamos procurar novos caminhos?” Ela aceitou, e foi divertido procurar novos trilhos, lado-a-lado com ela. A Liliana só corria por questão física e de bem-estar, não por provas nem competição, mas eu dei-lhe coragem a acompanhar-me num Trail Nocturno, na zona de Óbidos.

A noite não estava fria e o ambiente era agradável. A corrida começou, mas ela não gostou da experiência de correr no meio de tantas pessoas. Ficou cansada e saturada rapidamente. Depois de passar numa zona mais rural, chegamos a uma zona com uma ligeira subida e com árvores. Ela começou em passo mais lento, parou, colocou as mãos na cintura e acabou por desistir. Ela não gostou daquela experiencia e eu acompanhei-a na desistência. Paramos junto daquela pequena floresta, numa zona sem casas por perto…

Ficamos sentados no chão a recuperar a respiração e a conversar. Estivemos juntos várias vezes, mas pouco sabíamos um do outro. Conversamos sem noção do tempo, sobre as nossas vidas. Criou-se magia entre os dois. Parecíamos dois adolescentes a controlar as borboletas que sentíamos na barriga. Há sensações difíceis de explicar.

De repente a conversa terminou, ficamos olhos nos olhos, com a respiração mais acelerada. Naquele momento, minha mão tocou no seu rosto. Sentimos ternura. O passo seguinte foi natural, estávamos no meio da natureza… e de uma forma tímida beijei o seu rosto, e a sua cabeça rodou, fazendo os lábios tocarem-se… deliciosamente… as línguas envolveram-se… Ficámos longe do mundo… entregues um ao outro. Foi tão fácil ficar perdido...

A minha mão mexeu-lhe nas pernas, em cima das suas tradicionais leggins pretas de desporto. Senti que ela gostou. Percorri-a lentamente, sentindo o seu corpo…

A roupa de desporto que os dois tínhamos vestidos foi fácil de desviar. Eu toquei-lhe… ela agarrou-me. O meu dedo foi corajoso nos pontos que procurou tocar. Ela gostou de sentir o calor da minha mão masculina. O desejo quebrou todas as regras. Agora a corrida era outra. Ela sentiu-me a entrar dentro de si. A energia que não gastei naquele Trail Nocturno utilizei no corpo da Liliana.

Fui meigo, carinhoso... ela merecia tudo de bom… fiquei dentro dela calmamente. Aquele delicioso momento tinha de ser prolongado ao máximo. Eu nem consegui perceber se gostava mais de sentir a sensação de saída ou de entrada... por isso repeti os dois movimentos vezes sem conta... colocando sempre tudo dentro dela…

A noite foi curta para os deliciosos momentos que sentimos… e apesar daquela longa prova, aceleramos os dois, e chegamos em simultâneo à meta… exaustos mas incrivelmente satisfeitos…

 Foto: xxx  (Corbis.com)

1 comentário: